Senador republicano avisa Trump contra possível despedimento de Robert Mueller

Lindsey Graham diz que isso seria "o início do fim da sua Presidência". Antigo director da CIA diz que o destino de Trump é "o caixote do lixo da História".

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O senador da Carolina do Sul já tinha avisado o Presidente em Janeiro LUSA/SHAWN THEW

O senador norte-americano Lindsey Graham, do Partido Republicano, avisou o Presidente Donald Trump para não tentar despedir o responsável pelas investigações sobre a Rússia. Se isso acontecer, disse Graham, "será o início do fim da sua Presidência".

Esta é a segunda vez em menos de dois meses que o influente senador do Partido Republicano decide responder à pergunta sobre se acha que o Presidente está a preparar o terreno para despedir o procurador especial Robert Mueller – e, dessa forma, pôr fim à investigação sobre as suspeitas de conluio entre a sua campanha eleitoral e o Governo russo.

No final de Janeiro, em declarações à CNN, Lindsey Graham disse que tem preparada uma proposta de lei para proteger Robert Mueller de uma tentativa de despedimento por parte do Presidente – uma proposta que teria de ser aprovada pela maioria do Partido Republicano no Senado, o que não é certo.

Mas, nessa altura, o senador da Carolina do Sul salientou que não via nenhum indício de que o Presidente Trump pudesse estar a pensar em tomar essa decisão.

Este domingo, depois de o Departamento de Justiça ter despedido o antigo director-adjunto do FBI e co-responsável pela investigação sobre a Rússia, Andrew McCabe, o senador Graham limitou-se a dizer o que acontecerá se o Presidente tentar despedir o procurador especial.

Em menos de um ano, desde o início da investigação sobre a Rússia, já foram despedidos o antigo director do FBI, James Comey, e o antigo director-adjunto do FBI, Andrew McCabe; e os media norte-americanos têm noticiado que Trump já tentou fazer com que fossem despedidos o procurador-geral-adjunto, Rod Rosenstein, e o actual director do FBI, Christopher Wray.

James Comey foi despedido em Maio do ano passado após recomendação do procurador-geral-adjunto, Rosenstein, na sequência de uma investigação interna (sugerida por Donald Trump de forma insistente) sobre a forma como lidou com o caso dos e-mails de Hillary Clinton; Andrew McCabe foi despedido na noite de sexta-feira, a 26 horas da reforma, após uma investigação interna no FBI (sugerida por Donald Trump de forma insistente) sobre o facto de ter autorizado declarações de agentes sobre a investigação à Fundação Clinton; Rod Rosenstein caiu em desgraça perante o Presidente norte-americano depois de ter nomeado Robert Mueller para procurador especial, no ano passado, quando o procurador-geral, Jeff Sessions, se afastou da investigação sobre a Rússia por se ter reunido com o ex-embaixador russo em Washington durante a campanha eleitoral, em 2016; o próprio Jeff Sessions foi alvo da fúria de Trump por se ter afastado da investigação, o que levou o Presidente a dizer, numa entrevista ao New York Times, que nunca o teria nomeado se soubesse que ele iria tomar essa decisão; e, por último, o New York Times e o Washington Post noticiaram, também no ano passado, que Donald Trump quis despedir o procurador especial e que só não o fez porque o conselheiro jurídico da Casa Branca, Don McGhan, ameaçou demitir-se.

Para além de ter sugerido, através do seu advogado, o fim da investigação sobre a Rússia e, por isso, o despedimento de Robert Mueller, o Presidente Trump acusa James Comey e Andrew McCabe de fazerem parte de uma conspiração contra ele, e chamou a Rod Rosenstein "um Democrata de Baltimore". Mueller, McCabe e Rosenstein são do Partido Republicano e Comey só saiu do Partido Republicano em 2016, tornado-se independente.

O senador Lindsey Graham foi adversário de Donald Trump nas eleições primárias do Partido Republicano, em 2016, e apresentou-se como um dos maiores críticos da sua nomeação – quando desistiu da corrida, apoiou Jeb Bush e depois Ted Cruz, e não votou nele nas eleições.

Ainda assim, foi-se aproximando do Presidente Trump e tem tentado apresentar-se como um apaziguador, para tentar obter concessões da Casa Branca para as suas propostas, sem deixar de fazer comentários arrojados. No início de Janeiro, quando apareceu no programa "The View" e foi questionado sobre se concordava com o auto-elogio de Donald Trump ("Sou um génio muito estável"), Lindsey Graham respondeu: "Se não for ele a dizer que é um génio, mais ninguém o dirá."

O despedimento do antigo director-adjunto do FBI, na sexta-feira, tem motivado fortes críticas por parte dos opositores de Donald Trump, em particular entre os antigos responsáveis das agências de segurança norte-americanas – num tweet publicado no sábado, o Presidente disse que o despedimento de McCabe foi "um grande dia para a Democracia".

Também no Twitter, o director do FBI que Trump despediu no ano passado, James Comey, chamou a atenção para o livro que vai lançar em Abril: "Sr. Presidente, os americanos vão poder ouvir a minha história muito em breve. E vão poder julgar por eles próprios quem é honrado e quem não é."

Mais contundente foi o último director da CIA nomeado por Barack Obama, John Brennan, que saiu do cargo em Janeiro de 2017 quando Donald Trump chegou à Casa Branca: "Quando for conhecida a total extensão da sua venalidade, torpeza moral e corrupção política, você vai ocupar o lugar que é seu por direito, como um demagogo sem honra, no caixote do lixo da História. Pode fazer do Andy McCabe um bode expiatório, mas não vai destruir a América... A América vai derrotá-lo."

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