Castro Almeida: “As coisas não estão a correr bem”

Vice-presidente do PSD diz estar certo de que Feliciano Barreiras Duarte "está a avaliar se tem ou não condições" de se manter no cargo de secretário-geral do PSD.

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Castro Almeida foi secretário de Estado do Desenvolvimento Regional no Governo de Passos Coelho Diogo Baptista / Arquivo

A afirmação surpreende até por vir de quem vem: “As coisas não estão a correr bem”, declara Manuel Castro Almeida acerca deste primeiro mês de Rui Rio na presidência do PSD. Castro Almeida é amigo de Rio, é um dos novos vice-presidentes que este levou para a comissão política nacional e é até um dos negociadores escolhidos pelo líder para representarem o PSD no diálogo com o Governo do PS, no caso sobre os fundos comunitários. Por isso tudo, é surpreendente a afirmação do antigo governante e ex-autarca na entrevista que a Antena 1 emite neste sábado, às 12h. “Eu assumo que as coisas não estão a correr bem. (...) Este período de adaptação tem tido alguns incidentes dispensáveis. Alguns são naturais, próprios de um período de arranque, outros eram dispensáveis”.

Entre estes incidentes escusados, Castro Almeida inclui o caso do currículo de Feliciano Barreiras Duarte, que, no seu entender, “não pode durar muito” mas “já está a durar algum tempo”. O “vice” do PSD diz ter a certeza de que o companheiro “está a avaliar se tem ou não condições de exercer uma função tão exigente e tão importante como é a de secretário-geral do partido”. E à pergunta sobre o que faria, se o caso se passasse consigo, responde, categórico: “Isto não aconteceria comigo”. Ainda assim, ressalva que ser alvo de um inquérito por parte do Ministério Público “não é crime” e, referindo-se concretamente às suspeitas que envolvem outro vice-presidente do PSD, Salvador Malheiro – pelas adjudicações de campos sintéticos na Câmara de Ovar –, alerta que não se deve permitir que “a política seja assaltada por denunciantes anónimos que afastam qualquer pessoa séria”.

Numa entrevista em que dá a entender que a controvérsia que rodeou a eleição de Fernando Negrão para a liderança do grupo parlamentar será ultrapassada, Manuel Castro Almeida também acede a olhar para fora do partido, desde logo para o aliado dos últimos anos. Não tem dúvidas de que PSD e CDS vão disputar as próximas eleições europeias em listas separadas – por decisão de Assunção Cristas, sublinha –, mas já não exclui listas conjuntas nas legislativas, apesar de a líder centrista o ter também preconizado no congresso do passado fim-de-semana. Face ao cenário de listas separadas e com a líder do CDS a dizer que o partido quer liderar a direita, Castro Almeida diz que seria “excelente” ver o CDS em terceiro lugar, ultrapassando o Bloco de Esquerda, e o PSD a “voltar a ficar à frente do PS”.

Insiste que o PS “merece perder” as próximas eleições e confessa ter “noção de que a maior parte dos ouvintes” tenderá a discordar de si e a dizer: “’Este tipo está a exagerar!’” De qualquer forma, mesmo que isso não seja óbvio, Castro Almeida considera que é preciso explicar que os bons resultados económicos têm surgido “à boleia” da conjuntura internacional favorável, que Portugal está até a crescer menos do que os pares e que o Governo não tomou “uma única medida” indutora de crescimento económico – “pelo contrário”, reforça, dando o exemplo da subida do IRC.

Já os fundos europeus são matéria em que Castro Almeida não pretende criticar o Governo. “Não quero falar sobre isso, para ter condições de ter um bom diálogo”, diz o representante do PSD na negociação com o executivo sobre o quadro comunitário de apoio 2030.

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