FC Porto fulminante com pressa de regressar à normalidade

Felipe rompeu caminho com um golo tranquilizador, mas que não chegou para intimidar o Boavista, que sobreviveu com o aval do videoárbitro até ao equívoco de Vagner.

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LUSA/MANUEL FERNANDO ARAÚJO

O FC Porto voltou às vitórias num momento crucial da época, em que teve de questionar tudo depois do percalço sofrido em Paços de Ferreira. Bater o Boavista (2-0) pode, até, ter sido o bálsamo ideal para curar as feridas mais visíveis, embora os “dragões” não tenham sido verdadeiramente exímios na arte de evitar algumas palpitações e arritmias.

O FC Porto entrava duplamente pressionado para o derby portuense, da 27.ª jornada. As marcas ainda frescas da primeira derrota na Liga e a ameaça de ultrapassagem, mesmo que provisória, do Benfica — consumada na Feira — causavam um desconforto difícil de dissimular.

Sérgio Conceição sacrificava André André, Waris e Corona em relação ao “onze” inicial utilizado na Mata Real. Mas Herrera (de regresso), Otávio (ao lado de Aboubakar)e Ricardo Pereira (à frente de Maxi Pereira) ainda assumiam posições quando Felipe devolveu a liderança ao “dragão”, batendo Vagner com um fulminante golpe de cabeça a respeitar a qualidade do cruzamento de Sérgio Oliveira. O FC Porto estava de novo na frente da maratona, dissipando de forma instantânea as nuvens que se abatiam sobre o Dragão depois da tempestade Gisela.

Ainda que desiludido por uma entrada em falso, o Boavista não se deixou intimidar nem perturbar. Para vencer, o FC Porto teria mesmo que lutar muito e perceber que o vizinho do Bessa tinha as suas próprias ambições. Renato Santos deixou mesmo dois avisos. A pronta reacção “axadrezada” devolvia emoção e incerteza à noite da Invicta, onde Felipe exibia autoridade. O brasileiro só não bisou porque Vagner mergulhou para uma defesa de alto nível. Os portistas tentavam equilibrar-se, pressionando alto, o que lhes valeu muitas recuperações em zonas que expunham as debilidades do Boavista, que a custo foi conservando o resultado em aberto.

Para Jorge Simão aproximava-se a hora das primeiras decisões. A lesão de David Simão obrigava a uma solução de recurso, com Vítor Bruno a entrar e a protagonizar um momento de enorme tensão. Numa tentativa arriscada de desarme sobre Sérgio Oliveira, com recurso a falta negligente, o árbitro expulsou a frio o boavisteiro. Valeu o VAR para repor a verdade e evitar que os visitantes actuassem toda a segunda parte reduzidos a dez unidades.

De qualquer forma, a ideia do Boavista já não assentava num dos principais vértices e o FC Porto assumia com maior à-vontade as rédeas do encontro. Sérgio Conceição queria definir rapidamente a vitória e, ainda antes de mexer nas pedras que julgava mais adequadas para ampliar a vantagem, Herrera surgia isolado na área do Boavista, mas sem o discernimento necessário para colocar a bola fora do alcance de Vagner. Para o técnico dos “azuis e brancos” era a deixa para lançar Óliver Torres e libertar Herrera para a zona de influência do avançado camaronês.

O mexicano seria mesmo a chave do encontro e, depois de uma segunda tentativa, com o remate a voltar a não sair com a colocação necessária, o médio vingou-se de Vagner, interceptando um pontapé de baliza para fazer o 2-0.

O FC Porto conseguia assim quebrar o adversário, que só não sofreu uma derrota rotunda porque Sérgio Oliveira falhou o penálti que Sérgio Conceição lhe prometera. Mas vamos por partes. Jorge Simão lançou Sparagna (à imagem do que tinha acontecido na primeira substituição com Vítor Bruno) e o defesa travou Maxi na área. Dos 11 metros, o homem que declinou a responsabilidade na Mata Real bateu Vagner, mas teve azar no momento de rematar. O pé de apoio escorregou e Sérgio deu, inadvertidamente, dois toques na bola. O FC Porto ainda festejou de forma efusiva, mas o VAR voltou à carga e transformou tudo num livre indirecto que não impediu a vitória que conserva a liderança portista na Liga.

 

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