Greve dos professores com pouca adesão em Abrantes e Santarém

A greve dos professores, prevista desta terça-feira até ao final da semana, manteve-se depois de os sindicatos e o Ministério da Educação não terem chegado a acordo sobre o tempo de descongelamento das carreiras.

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Em Abrantes e Santarém vive-se um dia de aulas "quase normal" Nuno Ferreira Santos

Poucos foram os professores a aderir à greve desta terça-feira em Abrantes e Santarém. O habitual corrupio matinal e muito trânsito em Abrantes, com os autocarros escolares e os pais a deixarem os alunos nas escolas perto das 8h30, antecipou um dia quase normal de aulas.

A greve situava-se esta manhã "entre os 15% a 20% de adesão", segundo informações do dirigente do Sindicato dos Professores Licenciados pelos Politécnicos e Universidades (SPLIU), Eduardo Oliveira, contactado pela agência Lusa. Reconhecendo que a adesão á greve "não é muito elevada", o dirigente sindical observou, no entanto, que "muitos professores só dão aulas à tarde".

Junto à escola secundária Manuel Fernandes, sede de um dos dois agrupamentos de escolas daquele município do distrito de Santarém, os autocarros escolares vindos das aldeias em redor deixavam os alunos e seguiam o seu percurso, ao passo que os pais faziam o mesmo e seguiam para casa ou para o seu local de trabalho, com o habitual beijinho de despedida e o aviso para telefonar, caso não haja aulas.

Em declarações à Lusa, Paula Duarte, professora, deixou a sua filha na escola, onde frequenta o 11º ano, e seguiu viagem para dar aulas na Chamusca, onde é educadora de infância, a cerca de 30 quilómetros de distância de Abrantes, tendo afirmado concordar com a greve e compreender os protestos dos docentes. "Concordo com a greve e compreendo os professores, não concordo é com os sindicatos", afirmou, tendo feito notar que, "apesar de ter 30 anos de serviço", está "deslocalizada a 150 quilómetros de casa, que é em Aveiro".

Antes do toque de entrada das 8h30, os pais chegavam de carro e, sem estacionar, deixavam os seus filhos para seguirem marcha rapidamente e sem questionar se haveria aulas na escola Manuel Fernandes, que tem cerca de 1200 alunos. "Se for o caso, a minha filha telefona-me e eu venho buscá-la", disse à Lusa Elsa Cristóvão, mãe de uma jovem estudante do 6.º ano, que hoje "vai ter um teste". Sobre a greve dos professores disse "não estar dentro dos motivos", tendo afirmado, no entanto, que a ela "têm direito".

Numa cidade pacata, Celso Luís, pai de um jovem do 5.º ano, também disse poder vir buscar o filho, se não houver aulas. "Temos tempo para isso", observou, tendo referido não estar dentro dos motivos da greve dos professores.

Abordado pela Lusa, João Frazão, por sua vez, disse saber da greve e concordar com a mesma. "Todos têm direito à greve e a lutar por melhores condições", disse Frazão, pai de um jovem a frequentar o 9.º ano de escolaridade, tendo também manifestado "disponibilidade" para vir buscar o seu filho à escola "à hora que for preciso".

Às 08h35, em Abrantes, já não se viam alunos no pátio. Dentro das instalações, poucos estudantes não estavam em aulas, constatou a Lusa no local. Em Tramagal, ainda no concelho de Abrantes, a escola secundária EB, 2,3/S Octávio Duarte Ferreira, pertencente ao Agrupamento de Escolas Manuel Fernandes, registava movimentação semelhante, cerca das 9h00. Em declarações à Lusa, Alcino Hermínio, director daquele Agrupamento Escolar que agrega perto de 2200 alunos do pré-escolar ao 12.º ano de escolaridade, disse que "houve pouca adesão" à greve na primeira aula da manhã e que as escolas estavam a funcionar "praticamente" como num dia normal, tendo ressalvado "não dispor" de números certos.

Em Santarém, capital de distrito, no Agrupamento de Escolas Alexandre Herculano, faltaram três professores ao primeiro tempo da manhã em 30 turmas na escola sede, uma EB, 2,3. No primeiro ciclo não foram registadas faltas.

Na segunda-feira, sindicatos dos professores e Ministério da Educação não chegaram a acordo em relação à contagem do tempo de descongelamento das carreiras. A tutela admite descongelar dois anos e 10 meses de tempo de serviço aos docentes, enquanto estes não desistem de ver contabilizados os nove anos e quatro meses. Como não chegaram a acordo, os professores mantiveram a greve prevista para entre esta terça e sexta-feira.

A greve abrange esta terça-feira as escolas dos distritos de Lisboa, Setúbal e Santarém e na região autónoma da Madeira, na quarta-feira as da região sul (Évora, Portalegre, Beja e Faro), na quinta-feira as da região centro (Coimbra, Viseu, Aveiro, Leiria, Guarda e Castelo Branco) e, na sexta-feira, é a vez da região norte (Porto, Braga, Viana do Castelo, Vila Real e Bragança) e na região autónoma dos Açores.