Europeus vêem notícias falsas como perigo para a democracia
Grupo de peritos recomenda transparência às plataformas online: estas devem explicar como seleccionam as notícias que apresentam.
A grande maioria dos europeus considera que as notícias falsas são um perigo para a democracia – 83% dos inquiridos, no âmbito do inquérito de opinião europeu Eurobarómetro partilham essa opinião.
Segundo este inquérito, que ouviu cerca de 26 mil pessoas nos 28 países da União Europeia, 37% dos inquiridos dizem ter-se deparado com notícias falsas todos os dias e 71% estão certos de que as conseguem identificar.
Os inquiridos tendem a confiar mais nos media tradicionais – a rádio está no primeiro lugar, com 70%, a TV em segundo com 66% e jornais e revistas de seguida, com 63%.
Já as fontes de notícias online são menos confiáveis, destaca este Eurobarómetro – apenas 26% e 27% dos inquiridos confiam em fontes de notícias em sites de informação ou de vídeos (embora neste caso haja uma variação substancial entre os vários países: Portugal é, dos 28 Estados-membros, o país onde mais pessoas tendem a confiar nos sites agregadores de vídeos e podcasts como fonte de informação, 63%, contra por exemplo 20% que confiam nestas fontes na Alemanha e na Hungria).
No dia da publicação do Eurobarómetro, um grupo de trabalho sobre notícias falsas e desinformação, criado no ano passado por causa da gravidade do problema da desinformação, apresentou uma série de recomendações à comissária europeia para a Economia e Sociedade Digital, Mariya Gabriel.
Algumas eram dirigidas à comissão, como a promoção de literacia mediática ou desenvolvimento de ferramentas que possam ser usadas por jornalistas para combater a desinformação. Segundo o Eurobarómetro, é em primeiro lugar aos jornalistas que cabe combater as notícias falsas (45%), em segundo às autoridades nacionais (39%), e terceiro às autoridades de gestão de imprensa e radio-televisão (36%).
Entre as recomendações do grupo de peritos está ainda uma sugestão de um código de princípio para plataformas online e redes sociais que, segundo os peritos, devem ser mais transparentes sobre o modo como os seus algoritmos seleccionam e apresentam as notícias.
Vários países europeus têm aprovado medidas para combater a proliferação de notícias falsas, como França ou Alemanha, provocando discussão sobre os limites da liberdade de expressão.