Ex-ministro da Agricultura Arlindo Cunha alerta para situação "gravíssima" do interior

“Portugal não tem uma estratégia territorial", acrescentou Silva Peneda, numa iniciativa solidária em Castanheira de Pêra.

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“Portugal não tem uma estratégia territorial. Os três grandes problemas de Portugal são a dívida, a demografia e as desigualdades”, considerou Silva Peneda. Enric Vives Rubio

O antigo ministro da Agricultura Arlindo Cunha considerou neste sábado, em Castanheira de Pêra, que o interior do país está numa situação “gravíssima”, decorrente dos desequilíbrios demográficos e da desertificação.

“A problemática do interior é uma situação gravíssima que Portugal tem para resolver. A situação é, de facto, assustadora. Temos uma situação muito grave em termos de disparidade do território”, afirmou, ao participar numa iniciativa solidária promovida pela Confagri — UGT sob o tema “Valorizar o interior — Promover o Investimento e o Emprego”.

Segundo Arlindo Cunha, entre os problemas que afectam o interior, destacam-se a disparidade de rendimento e de oportunidades [face ao litoral], “uma catástrofe demográfica anunciada”, a desertificação dos territórios e a “morte do património rural”.
“Quando os territórios não têm peso nem economia, as debilidades vêm ao de cima”, frisou.

Para o antigo ministro, os vários governos foram reduzindo também os serviços públicos nas regiões do interior. “O Estado foi desaparecendo. Se o Estado não serve para a coesão para que é que serve?”

O ex-governante defendeu, neste contexto, para os territórios do interior e para as áreas ardidas, políticas de discriminação positiva.

Por seu turno, o ex-presidente do Conselho Económico e Social (CES), Silva Peneda, defendeu a necessidade de se pensar nas políticas a aplicar e da escolha de opções para o desenvolvimento territorial.

“Portugal não tem uma estratégia territorial. Os três grandes problemas de Portugal são a dívida, a demografia e as desigualdades”, considerou Silva Peneda.

Para resolver estes problemas, sublinhou, do interior é necessário haver um amplo consenso político.