Emigrantes lesados do BES dizem que há “avanços” para uma solução
Em causa está a negociação sobre aplicações feitas no EG Premium e Euro Aforro 10.
A associação que representa os emigrantes lesados pelo BES anunciou esta sexta-feira "avanços significativos" nas negociações para encontrar uma solução para os clientes dos produtos EG Premium e Euro Aforro 10, sem se comprometer com uma data para a sua conclusão.
A Associação Movimento Emigrantes Lesados Portugueses (AMELP) disse em comunicado, que esta quinta-feira se reuniu com o presidente do Novo Banco, António Ramalho, para encontrar uma saída para os clientes detentores dos produtos EG Premium e Euro Aforro 10, para quem ainda não há uma solução que compense as perdas, revelando que foram "alcançados avanços significativos".
Já esta sexta-feira, acrescentou a AMELP, representantes seus reuniram-se "com parceiros estratégicos" que poderão vir a participar na solução, referindo, contudo, que "não podem ser revelados por imperativos legais e de sigilo contratual" os conteúdos desses encontros.
A próxima reunião entre a AMELP e o Novo Banco está marcada para 12 Abril, ainda que possa haver contactos de trabalho no entretanto, refere o comunicado.
A AMELP termina a informação aos seus associados, a que a Lusa teve acesso, a dizer que "está empenhadíssima na busca de uma solução para todos" e que "está satisfeita por estarem a ser agregados esforços de várias entidades" nesse sentido.
A AMELP acordou, em Agosto passado, com o Novo Banco e com o Governo uma solução que permite aos clientes emigrantes do antigo BES que investiram em determinados produtos financeiros (Euro Aforro 8, Poupança Plus 1, Poupança Plus 5, Poupança Plus 6, Top Renda 4, Top Renda 5, Top Renda 6 e Top Renda 7) recuperarem 75% do dinheiro ao longo dos próximos anos.
Em contrapartida, foi exigido que desistissem das acções judiciais contra o Novo Banco e seus trabalhadores.
Contudo, ainda ficou a faltar a solução para os clientes que subscreveram os produtos financeiros EG Premium e Euro Aforro 10, para os quais o Novo Banco ainda não tem proposta comercial.
Após a resolução do BES, a 3 de Agosto de 2014, cerca de 8000 emigrantes de França e Suíça (o equivalente a 12 mil contas, uma vez que há clientes que têm mais do que uma conta) vieram reclamar mais de 720 milhões de euros, acusando o banco de lhes ter vendido produtos arriscados (acções de sociedades veículo), quando lhes tinha dito que se tratavam de depósitos a prazo para não residentes.
A responsabilidade sobre estes produtos ficou, na resolução do BES, no Novo Banco - o banco de transição então criado -, que propôs, em 2015, aos emigrantes (dos produtos Poupança Plus, Euro Aforro e Top Renda) uma solução comercial, que teve a aceitação de cerca 80% do total (cerca de seis mil clientes), que detinham em conjunto 500 milhões de euros.
No entanto, houve 1440 clientes que não aceitaram a solução, por considerarem que não se adequava ao seu perfil e não era justa, incorporando obrigações do Novo Banco com vencimento apenas daqui a 30 anos e sem cupão anual.
Em Agosto de 2017 foi acordada uma nova solução entre estes emigrantes, Novo Banco e Governo para 1440 clientes que não aceitaram a proposta do Novo Banco de 2015.
O presidente da AMELP disse então à Lusa que a grande maioria dos lesados aceitou a proposta, mas sem avançar números concretos.
Ficaram a faltar soluções para os clientes dos EG Premium e Euro Aforro 10, segundo as justificações dadas, devido à complexidade desses produtos, havendo desde então contactos entre o Novo Banco e a AMELP nesse sentido.