Agricultores alentejanos reclamam medidas excepcionais contra a seca
Água e alimentação continuam a faltar aos animais e a banca ainda não efectuou qualquer operação da linha de crédito concedida aos produtores pecuários.
A situação de seca extrema que continua a fustigar o Alentejo, “independentemente da precipitação e das previsões meteorológicas”, está a causar danos “irreparáveis” na agricultura da região, assume a Federação das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo (FAABA), após a reunião que efectuou com os seus associados.
Nestas circunstâncias, os agricultores alentejanos entendem que deverá ser concedida uma “ajuda de carácter excepcional, designadamente aos produtores pecuários” através da atribuição “de um montante financeiro, a fundo perdido”, calculado com base nas necessidades alimentares de cada espécie. Para “além da escassez de água” destinada ao abeberamento dos animais, as reservas de palha e feno “ou já se esgotaram ou estão quase a esgotar-se, e as pastagens naturais não existem”, refere a federação dos agricultores. Estes condicionalismos conduziram ao aumento “exponencial” das despesas. “Em desespero de causa”, muitos deles já tiveram de se desfazer de parte do seu efectivo, denuncia a FAABA, que diz “reconhecer” o esforço do Ministério da Agricultura na tomada de algumas medidas para minimizar os efeitos da falta de chuva.
No entanto, sublinha a FAABA, a concessão da actual linha de crédito “não se adequa à realidade da região”, explicando ainda que os montantes disponibilizados “são muito reduzidos, os prazos de amortização do crédito são curtos”. A estes constrangimentos junta-se a “falta de informação ou de sensibilidade por parte da banca, a qual, tanto quanto se sabe, ainda não efectuou qualquer operação ao abrigo desta medida".
Na área do regadio, o prolongado período de seca extrema fez “disparar as despesas relacionadas com o consumo de água e de energia” observam os agricultores, frisando que a escassez de água vai “comprometer a qualidade e a quantidade da produção”, para além de já ter reduzido “drasticamente” as margens brutas das várias culturas.
Nesta matéria, os agricultores assinalam que se mantêm “actuais” as propostas já anteriormente apresentadas ao Ministério da Agricultura para debelar os efeitos da seca: isenção da taxa de recursos hídricos por parte do sector agrícola e a viabilização do preço da água de Alqueva para os perímetros confinantes. E propõem, para a actual campanha, a manutenção do preço da água nos valores do ano passado. Como medida de carácter geral, os agricultores alentejanos pedem que seja “concedida a dispensa e deferimento do pagamento de contribuições à Segurança Social”.