Companhia teatral de Leiria elogiada por não pedir apoios promete candidatura à DGArtes
O grupo já tentou no passado, sem sucesso, obter subsídios públicos, e promete agora voltar a candidatar-se.
A companhia de teatro de Leiria elogiada pela directora regional de Cultura do Centro por prescindir de apoios do Estado anunciou nesta quarta-fiera que vai apresentar uma candidatura para obtenção de financiamento da Direcção-Geral das Artes (DGArtes).<_o3a_p>
Em comunicado, o director do Leirena Teatro, Frédéric da Cruz Pires, admite "inúmeras dificuldades" para prosseguir a actividade e garante uma candidatura ao próximo quadro de apoios públicos.<_o3a_p>
O responsável pela companhia justifica com "o desespero de causa" o convite feito à directora regional de Cultura do Centro, Celeste Amaro, que tinha como intenção dar a conhecer a programação para 2018 e mostrar as dificuldades que levaram à redução do elenco de sete para três atores, no último ano.<_o3a_p>
O grupo existe há sete anos e trabalha num antigo centro comercial de Leiria cedido por particulares, num espaço com salas onde chove.<_o3a_p>
Na sessão de apresentação da programação, a 02 de Março, a directora regional de Cultura do Centro justificou a presença em Leiria porque, numa reunião que teve com a companhia em Coimbra, "não pediram dinheiro".<_o3a_p>
"Como é possível? Ainda por cima na área do teatro! Foi algo que me tocou bastante. É uma lição de como um grupo de teatro profissional, com três actores, que se dedica de corpo e alma ao seu trabalho, vive sem pedir dinheiro, não incomoda a administração central", disse então Celeste Amaro.<_o3a_p>
A directora de Cultura do Centro elogiou ainda a atitude do grupo por não ter apresentado candidatura aos apoios da Direção Geral das Artes: "Preferiram estar a trabalhar nesta programação, que não fica nada a dever às companhias profissionais subsidiadas, em que vez de estarem ao computador a tratar do processo. As pessoas de Leiria devem estar orgulhosas por ter uma companhia assim".<_o3a_p>
À agência Lusa, Frédéric da Cruz Pires explica que recebeu "diversos contactos" de responsáveis teatrais, "pedindo explicações".<_o3a_p>
No comunicado, o director da companhia afirma que não convidou Celeste Amaro para mostrar ter feito programação "sem subsídios" nem para se "comparar a nenhuma outra estrutura".<_o3a_p>
"Nestes sete anos de entrega e luta para a construção de projectos (...) as dificuldades do Leirena Teatro foram e continuam a ser inúmeras, quer sejam técnicas, financeiras, burocráticas e espaciais", afirmou.<_o3a_p>
O grupo já tentou no passado, sem sucesso, obter subsídios públicos, e promete agora voltar a candidatar-se, "seguramente", aos próximos apoios da DGArtes, através da acção de uma produtora recentemente contratada para o efeito.<_o3a_p>
"Será que mesmo sem subsídio iríamos deixar na gaveta os nossos projectos? Deixar para trás a vontade de criar? Deixar de trabalhar com a comunidade? Deixar a companhia desaparecer? Não", acrescenta Frédéric da Cruz Pires.<_o3a_p>
Entretanto, o Bloco de Esquerda enviou um requerimento ao Ministério da Cultural para saber se o Governo considera que a diretora regional da Cultura do Centro tem condições para continuar no cargo, após elogiar uma companhia de teatro de Leiria que não apresentou candidatura aos apoios às artes.<_o3a_p>
Para o BE, as declarações de Celeste Amaro "contrariam de forma evidente o programa do actual Governo" no novo modelo de apoio às artes, assim como "os procedimentos concursais definidos pelo próprio Ministério da Cultura".<_o3a_p>
Na interpelação ao Governo, o BE diz que a directora regional da Cultura do Centro "revela a sua incapacidade em construir e manter uma saudável relação de trabalho, respeito e confiança recíproca com os agentes culturais da região", considerando as afirmações proferidas "insultuosas em relação a artistas e estruturas artísticas".<_o3a_p>