Com os camiões da Uber, os camionistas ficam-se pela cidade
Veículos autónomos percorrem autoestradas nos EUA antes de entregarem a mercadoria a condutores humanos.
A Uber já tem camiões autónomos a trabalhar no seu serviço de transporte de mercadorias, uma aplicação móvel que une empresas de camionistas com empresas que precisam de transportar produtos pelos EUA. Os humanos, porém, continuam a ser fundamentais nas viagens.
Num vídeo partilhado esta terça-feira, a empresa mostra como funciona o serviço, que está a ser testado no Arizona. Os camionistas conduzem na fase mais curta e complexa do percurso, que implica transportar grandes contentores de metal pelas cidades populosas do estado norte-americano, com peões a atravessar estradas. Mas passam o testemunho às máquinas em "docas de troca" à beira das auto-estradas. Aí, o contentor com as mercadorias é conectado a um camião autónomo que se ocupa da parte mais monótona e longa da viagem. Depois, numa outra doca perto da fronteira com a Califórnia, há um novo condutor humano pronto para receber a mercadoria e levá-la para a cidade.
“A equipa está confiante de que o projecto vai melhorar a vida dos camionistas”, disse numa conferência de imprensa Alden Woodrow, o responsável pela unidade de transporte de grandes mercadorias que a Uber lançou há dois anos. “Em geral, os camiões são bastante eficazes a conduzir numa auto-estrada e é para isso mesmo que os estamos a construir.”
A fase urbana da condução continua a cargo dos humanos. “[Num camião], ter duas mãos no volante vai continuar a ser a melhor forma de levar uma mercadoria ao seu destino final”, escreve a empresa. A empresa não avança quantos veículos do género tem a circular actualmente, ou quantas viagens estes já fizeram. O projecto chega mais de um ano depois de a empresa mostrar um camião a viajar sozinho na auto-estrada para distribuir 2000 paletes de cerveja.
A Uber vê o seu sistema de “docas de troca” a aumentar o número de postos de trabalho. Pelo menos, a curto prazo, enquanto os camiões autónomos ainda precisam de um condutor humano pronto a intervir em caso de emergência. É algo que já não é fundamental em alguns estados nos EUA. A partir de 2 de Abril, as máquinas vão começar a poder circular completamente sozinhas na Califórnia, onde a Uber também faz testes com carros e camiões autónomos.
Em 2016, a empresa pagou 650 milhões de dólares (perto de 523 mil milhões de euros) pela Otto, uma startup de camiões autónomos fundada por Anthony Levandowski, um antigo engenheiro do Google. Na altura, o negócio esteve envolto em controvérsia porque a Waymo, que é a divisão de carros autónomos do Google, acusou a Otto de ser uma “empresa falsa” para distribuir tecnologia roubada do Google. Mais tarde, as empresas chegaram a acordo em tribunal.
Actualmente, a empresa já não usa a marca Otto e a tecnologia dos camiões autónomos está a ser desenvolvida pelo Grupo de Tecnologia Avançada da Uber. O grupo também está encarregue de introduzir carros ligeiros autónomos no sistema de partilha de viagens.