Portugueses trabalham mais horas e têm menos férias do que a média europeia

Por ano, os portugueses passam mais três semanas no trabalho do que os alemães ou holandeses.

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Autor do estudo, Frederico Cantante, afirma que os dados do trabalho ajudam a contrariar ideias pré-concebidas sobre a relação dos países do Sul com o trabalho BLR bruno lisita

Por ano, os portugueses passam em média mais três semanas no trabalho do que alemães ou holandeses. Também têm menos dias de férias: 22 dias contra 30 dias dos alemães e os 25 dias dos holandeses. A média europeia (com 28 países da UE) está nos 24,6 dias de férias por ano. Os números são de um estudo do Observatório das Desigualdades do ISCTE-IUL, que irá ser apresentado na quarta-feira, e já citado pela TSF.

Por semana, um português com um contrato de trabalho a tempo inteiro passa em média 41 horas no trabalho – mais uma hora do que passava em 2008. Este é o quinto valor mais elevado da União Europeia. Contas feitas, passamos 1797 horas por ano no trabalho, mais 77 horas do que a média europeia. E gozamos, em média, menos 2,6 dias de férias do que a média comunitária (24,6 dias por ano).

O estudo O mercado de trabalho em Portugal e nos países europeus, feito a partir dos dados recolhidos pelo Eurostat e pela Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e de Trabalho, indica também que os portugueses têm mais feriados – dez no total, contra os 9,2 da média europeia.

O autor do estudo, Frederico Cantante, em entrevista à TSF, afirma que estes dados podem ser úteis para desfazer ideias pré-concebidas como a de que os trabalhadores da Europa do Sul "são laxistas", e que nesses países "não se quer trabalhar". “Quando analisamos os dados, esse retrato não cola à realidade”, diz Frederico Cantante, aludindo às palavras do ex-presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, que acusou os países do Sul da Europa de gastar dinheiro "em copos e mulheres".

Feita a análise, fica o desafio. “Trabalhar mais tempo não tem propriamente efeito sobre a produtividade”, diz Frederico Cantante. Por isso, não se trata de trabalhar mais horas, mas sim de trabalhar melhor, avalia o autor do estudo: “Ter um perfil de trabalho mais qualificado, mais preparado para lidar com os desafios colocados pela globalização”.

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