Chuva não “resolve situação mais gravosa” da história da água em Portugal

Secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, defende reutilização dos esgotos na rega e lavagem de ruas como forma de minimizar os efeitos da seca.

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Sebastiao Almeida

Não há memória de uma escassez de água como a que Portugal está a viver. A chuva que tem caído nos últimos dias, diz o secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, “não vai resolver o problema que o país vive em quase todo o território, em especial a sul do Tejo e na zona transmontana”. O abastecimento público, a partir das barragens, ainda não oferece cuidados de maior, mas já é quase dramático ao nível dos aquíferos: “O nosso panorama é muito mais complicado ao nível das águas subterrâneas: do Minho ao Algarve a escassez é quase total, temos um território todo, todo coberto por uma situação que é, talvez das mais gravosas da história, desde que há registos, no que diz respeito às águas subterrâneas”.

O alerta foi deixado pelo governante do final da abertura do encontro “Desafios da Água” que está a decorrer nesta quinta-feira em Albufeira com o objectivo de traçar metas para a sustentabilidade dos recursos hídricos no futuro. Perante o panorama actual, Carlos Martins anunciou, em declaração aos jornalistas, que já pediu à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) um plano para a reutilização das águas residuais. A percentagem actual da reutilização, adiantou, “andará entre 1, 5 e 2%” do volume de efluentes produzidos e quem desenvolve essas práticas são, “sobretudo, empresas nos seus circuitos internos de lavagens”.

Os motivos pelos quais a reutilização não está traduzida em políticas ao nível local, disse, prendem-se com questões de natureza económica. Construir uma infra-estrutura para reutilização da água é equivalente a construir uma para água potável. Porém, enfatizou, “não se pode fazer uma avaliação estritamente económica, tem de ver do ponto de vista ambiental”. Nesse sentido, defendeu a necessidade de um maior envolvimento dos autarcas e agentes económicos para que o projecto da reutilização passe à prática: “Nem que, no início, para estimular esse uso tenha de haver fundos comunitários a fundo perdido”, adiantou.

No Algarve, estão a ser construídos duas novas estações de tratamento de águas residuais, uma na Companheira, em Portimão, e outra entre Faro e Olhão, mas só a primeira é que vai ficar preparada para reutilizar as águas dos efluentes. 

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