Protesto silencioso reúne cerca de 40 pessoas em Lisboa
“O silêncio é um crime”, mas também “fala mais alto que as palavras”, diz organizador da iniciativa solidária para com as vítimas dos bombardeamentos em Ghouta.
Pode parecer uma contradição, mas não é. Um protesto silencioso, organizado através da rede social Facebook, realizou-se esta quinta-feira, na Praça Luís de Camões, em Lisboa, para alertar para o conflito na Síria, que dura há sete anos, e para a inacção e silêncio por parte das autoridades e governos. “Nesta fase do conflito, o silêncio é cumplicidade e o silêncio é um crime”, explicaAdam Al Alou, um dos responsáveis pela manifestação.
Adam Al Alou é um estudante sírio de doutoramento em Ciências Políticas na Universidade de Lisboa. Apesar de viver em Portugal há quase 4 anos, nasceu na Síria e diz que o conflito afecta-o directa e indirectamente. O que o moveu, explica, foi "primeiro, o facto de ser sírio; segundo, por ser um ser humano; e terceiro, pelo sentido de desamparo [das vítimas]."
O protesto é silencioso não só como forma de expressar respeito pelas vítimas que morreram, mas também porque não arranjam as palavras certas para expressar o que sentem. “De facto, às vezes o silêncio pode falar mais alto que as palavras e também serve para recriar as palavras das Nações Unidas e da Unicef quando disseram que tinham esgotado as palavras. E não há palavras ou cânticos ou outro tipo de coisa que possa expressar o horror que toma lugar em Ghouta”, afirma.
O responsável pela iniciativa alerta ainda que os crimes em Ghouta "estão a acontecer por baixo dos olhos e narizes de todo o mundo", e daí o desagrado pela inacção e o silêncio. “O silêncio da comunidade internacional transformou-se num catalisador e cúmplice de um genocídio em larga escala, um crime contra a humanidade. Por isso, a minha única mensagem é que o silêncio é um crime e deve-se agir imediatamente para travar isto e responsabilizar os perpetradores deste genocídio, incluindo o regime de Assad e aliados, nomeadamente a Rússia e o Irão”, argumenta.
Segundo Adam Al Alou, em Portugal não há muita informação sobre o conflito devido à complexidade e actores envolvidos. Por isso, “espalhar a palavra, espalhar a verdade e fazer com que as vozes das pessoas em Ghouta sejam ouvidas é um dos principais objectivos desta demonstração”.