Évora a perpetuar-se no topo e Arnaudov a lançar mais longe

Portugal competirá nos Mundiais de pista coberta, que arrancam em Birmingham, com oito atletas. Dois deles chegam à competição num excelente momento e com aspirações de subirem ao pódio.

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Arranca hoje em Birmingham, Inglaterra, prolongando-se até domingo, a 17.ª edição dos Campeonatos do Mundo de atletismo em pista coberta (RTP2), na qual Portugal participará com oito atletas e com dupla expectativa de alcançar lugares cimeiros.

À cabeça, à imagem do que tem acontecido nos grandes certames internacionais, surge Nelson Évora como candidato às medalhas no triplo salto, uma aspiração que, desta vez, se estende a uma estrela ascendente no peso, Tsanko Arnaudov, um jovem de origem búlgara que veio viver na pré-adolescência para Portugal e que agora se tornou num dos melhores lançadores mundiais.

Ao contrário do que sucedeu ao longo de décadas, a principal força do atletismo luso já não reside no meio-fundo e fundo e passou a ter como vector principal as provas ditas técnicas, que tão desprezadas tinham sido no passado. E também ao invés do que aconteceu recentemente, é o sector masculino do atletismo que apresenta mais possibilidades, dado que as melhores atletas estão neste momento ou concentradas noutras vertentes competitivas — casos de Sara Moreira ou Marta Pen — ou fora da pista coberta por opção, como Patrícia Mamona.

A caminho dos 34 anos, Nelson Évora é candidato, pelo menos, a um lugar no pódio. O que é deveras invulgar para quem passou por tamanho calvário na recuperação de múltiplas fracturas de esforço. De resto, a recente polémica em torno da naturalização, em tempo recorde, do cubano Pedro Pichardo — encarado como seu sucessor na posse do recorde nacional (17,74m, em 2007) — apenas o pode motivar mais. Se se juntar a isto uma certeza competitiva nos momentos cruciais de que poucos podem gabar-se, temos construída a “tempestade perfeita”.

Nelson já este ano se aproximou do seu recorde nacional indoor, com 17,30m a 8 de Fevereiro, em Madrid, e na lista de entrada para os Mundiais detém a segunda melhor marca, apenas atrás do brasileiro Almir dos Santos (17,37m). Mas este terá contra si a inexperiência internacional. Os americanos serão Will Claye (17,28m), que tem sido o melhor do mundo nesta última meia década, e Chris Carter (17,20m) — e decerto Claye será temível. Mas poucos mais candidatos sérios às medalhas haverá, à excepção do alemão Max Hess e do chinês Dong Bin.

Desde a retoma da competição após os anos negros das lesões, Nelson Évora já foi medalha de bronze nos Mundiais de ar livre de Pequim em 2015, repetiu o feito em Londres no ano passado e foi campeão europeu de pista coberta em 2015, em Praga, e em 2017, em Belgrado.

No lançamento do peso, Tsanko Arnaudov tem estado muito bem em toda a temporada indoor e reforçou a ideia de que poderá ter uma prestação de topo, com o recente recorde nacional de 21,27m, que faz dele o sexto melhor dos inscritos com marcas obtidas neste ano.

Os norte-americanos, em ano de 2018 sem Mundiais ao ar livre, serão Ryan Whiting e Darrell Hill, e deverão estar ainda a caminho do topo da forma, pelo que os mais capazes de chegar às medalhas deverão ser os novos líderes europeus, o checo Tomas Stanek (22,17m) e o prodigioso jovem polaco, de 20 anos, Konrad Buckowiecki (22,00m). Depois haverá ainda os que estão a tentar recuperar o poder antigo, como é o caso do alemão David Storl, e os que quase não fazem indoor mas que estão em forma, como é o caso do neozelandês Tom Walsh.

No sector feminino, Portugal apresentará Lorène Bazolo nos 60m, Cátia Azevedo nos 400m e Lecabela Quaresma no pentatlo, além de uma equipa feminina de 4x400m, em estreia neste tipo de campeonatos.

Bazolo já correu este ano em 7,27s (aproximando-se a dois centésimos do recorde nacional de Lucrécia Jardim), tem quatro marcas até 7,30s e, ao melhor nível, poderá estar nas meias-finais. Cátia Azevedo (53,13s este ano) tentará passar a eliminatória, o que, face ao volume e qualidade de participação no certame, se afigura difícil. Lecabela Quaresma (4320 pontos) é a décima nos totais do pentatlo, e o seu desempenho nos Campeonatos de Portugal, em que desistiu por ter feito zero no comprimento, não desmente a boa forma.Cátia Azevedo, Dorothé Évora, Rivinilda Mentai e Filipa Martins completarão a equipa de 4x400m.

Muitas das grandes figuras do atletismo vão estar nos Mundiais e a mais aguardada de todas é o novo recordista mundial dos 60m, o americano Christian Coleman, autor de um registo considerado “impossível” de 6,34s nos recentes campeonatos nacionais, ajudado pela altitude de Albuquerque (Novo México). Coleman terá no compatriota Ronnie Baker (6,40s) e no recordista asiático, o chinês Su Bingtian (6,43s), os principais opositores.

Na vara masculina, o recordista mundial, o francês Renaud Lavillenie (5,90m este ano), reencontra os americanos, neste caso Sam Kendricks (5,78m) e Scott Houston (5,83m), o renovado rival alemão Raphael Holzdeppe (5,88m), mas sobretudo o incrível recordista júnior, o sueco Armand Duplantis (5,88m). Na altura, o qatari Mutaz Barshim (2,38m) terá a oposição da nova referência russa, Danil Lysenko (2,37m).

No lado feminino a russa Mariya Lasitskene procura manter a invencibilidade que dura há duas tempo e tentará retocar a sua marca de liderança mundial, de 2,04m, enquanto nos 60m barreiras as americanas vão atacar o recorde da sueca Susanna Kallur (7,68s).

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