CDS confronta ministro com atrasos no tratamento de doentes com hepatite C

Em causa alegados atrasos no acesso à medicação no hospital de Loures, uma parceria público-privada. Ministro da Saúde garantiu aos deputados que tratamentos têm de se realizar.

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Ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

O ministro da Saúde foi confrontado, esta quarta-feira, pelo CDS com o alegado atraso no tratamento de doentes com hepatite C no Hospital de Loures, gerido através de uma Parceria Público Privada (PPP), tendo determinado que esses tratamentos têm de se realizar.

"Se a PPP de Loures não trata os doentes com hepatite C, tem de tratar", disse Adalberto Campos Fernandes, acrescentando: "Nem me quer passar pela cabeça que a PPP de Loures não está a cumprir a sua obrigação, enquanto entidade com contrato com o Estado, que é tratar os doentes da sua área de influência com os medicamentos para a hepatite C", disse Adalberto Campos Fernandes.

A questão foi levantada pela deputada Ana Rita Bessa (CDS) que, durante a audição do ministro na comissão parlamentar da Saúde, confrontou o governante com a existência de doentes seguidos no Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, que não estão a receber o tratamento para a hepatite C.

Questionado pela agência Lusa, o hospital afirmou que aguarda da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) "a emissão dos títulos de compromisso dos nove doentes do Hospital Beatriz Ângelo inscritos, ainda em 2017, na plataforma que valida os tratamentos da Hepatite C".

Ao PÚBLICO, o hospital adiantou que a última vez que pediram esclarecimentos à ACSS foi a 14 de Fevereiro, acrescentando que "os doentes serão certamente tratados, como sempre aconteceu, dentro do prazo adequado e previsto clinicamente".

Em causa está a mudança do financiamento da terapêutica da hepatite C, no início deste ano, que passou a ser assegurado no âmbito dos contratos-programa dos hospitais públicos.

Como os hospitais geridos através de uma PPP não dispõem de contratos-programa, estes ainda não foram informados de como vão proceder para os seus doentes terem acesso ao tratamento, que levou já o Hospital Beatriz Ângelo a questionar a ACSS e a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo sobre a forma como aceder aos medicamentos e respectivos pagamentos.

Até ao final de 2017, estes tratamentos eram financiados após o registo dos doentes numa plataforma, sem interferência do hospital e como resultado do acordo firmado entre o Ministério da Saúde e os laboratórios que comercializam os medicamentos. Os hospitais públicos geridos em PPP tinham acesso a esta linha de financiamento, como todos as outras unidades do SNS.