Diesel tem vindo a perder quota de mercado em Portugal

Do total de ligeiros de passageiros vendidos no ano passado, 60,9% eram a diesel, mas este tipo de combustível chegou a pesar 72% em 2013.

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Em 2013 o diesel chegou a representar 72,3% do total dos ligeiros de passageiros vendidos Daniel Rocha

O diesel ainda é o rei no tipo de combustível usado pelos automóveis ligeiros de passageiros vendidos no ano passado em Portugal, mas o seu domínio já foi bem maior.

De acordo com os dados cedidos ao PÚBLICO pela associação do sector, a ACAP, em 2017 foram colocados no mercado 222 mil automóveis, cabendo aos veículos a diesel uma fatia de 60,9%. No entanto, o crescimento face a 2016 ficou aquém de outros tipos de energia, e este tipo de combustível teve a maior queda na quota de mercado desde que se iniciou o ciclo de descida, há cerca de quatro anos.

O pico foi atingido em 2013 (altura em que o sector estava a começar a recuperar do ano negro de 2012), quando o diesel representou 72,3% do total dos ligeiros de passageiros vendidos no mercado nacional. Para Hélder Pedro, secretário-geral da ACAP, não há uma ligação directa entre o caso da manipulação das emissões do diesel por parte da Volkswagen e a descida da penetração desse combustível em Portugal. De acordo com este responsável, tal tendência deve-se a uma “questão de opção dos consumidores, e das empresas, por outro tipo de modelos que foram sendo colocados no mercado, e muito por veículos movidos a energias alternativas”.

Questionado sobre se há uma maior preocupação dos condutores com as questões da poluição quando adquirem um veículo novo, Hélder Pedro responde de forma positiva, sustentando que a evidência disso é “o facto de os veículos movidos a energias alternativas terem tido um crescimento de vendas de mais de 300% entre 2010 e 2017”, embora a partir de uma base muito pequena.

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Actualmente, diz o responsável da ACAP, esse tipo de veículos “valem 4,7% do mercado total”. “É ainda uma percentagem baixa, mas achamos que vai crescer significativamente nos próximos anos. Aliás, em 2017 as vendas de veículos eléctricos e híbridos plug-in cresceram acima de 100%”, acrescenta.

Ainda assim, vai demorar algum tempo até o diesel perder a liderança que tem hoje no parque automóvel português, composto por 4,7 milhões de veículos ligeiros de passageiros (com as outras tipologias o total chega aos 5,9 milhões), cuja idade média está nos 12,5 anos.

O diesel é dominante nos segmentos dos comerciais ligeiros e comerciais pesados, bem como na vertente de produção e exportação - das quase cem mil unidades de ligeiros de passageiros fabricadas no país em 2016, 77% eram a diesel. E este é um sector com um peso apreciável na economia: de acordo com um estudo recente feito pela Mobinov (associação do cluster automóvel) vale 5,6% do PIB, o equivalente a 10.250 milhões de euros.   

Sobre a decisão do tribunal federal administrativo, localizado em Leipzig, que veio abrir portas à proibição de veículos a diesel em cidades alemãs (algumas têm sido pressionadas nesse sentido, havendo limites de gases poluentes superiores aos estipulados pela UE), o secretário-geral da ACAP diz que esta vem julgar “um diferendo entre alguns governos de Estados alemães e cidades desses mesmos Estados, sobre restrições à circulação de alguns veículos diesel”.

“Estas são decisões tomadas a nível local, não existindo qualquer regulamentação europeia sobre a matéria. Assim sendo, o que se verifica é que cada cidade, por si, avalia os seus níveis de poluição e tem vindo a tomar as medidas que entende”, acrescenta Hélder Pedro.

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