GNR apreende cavalos-marinhos em acção contra pesca ilegal
A crença nas propriedades afrodisíacas da espécie coloca-a em risco de extinção.
O sub-destacamento da unidade de controlo costeiro da Guarda Nacional Republicana (GNR) na Ria Formosa apreendeu esta quinta-feira 15 cavalos-marinhos no decorrer de uma acção de patrulhamento.
Os militares detectaram armadilhas usadas em actividades de pesca ilegal, onde se encontravam os animais. Os exemplares apreendidos estavam vivos e foram devolvidos ao habitat natural, de acordo com um comunicado de imprensa divulgado esta sexta-feira pela unidade de controlo costeiro.
Segundo a GNR, a actividade ilegal estará relacionada com a crescente procura desta espécie por parte do mercado asiático, onde é utilizada na medicina tradicional.
A captura de cavalos-marinhos é proibida por esta se tratar de uma espécie protegida em vias de extinção. Factores ambientais estão na origem da destruição da espécie. No entanto, a pesca furtiva continua a ser um dos principais factores para o seu desaparecimento. Como referido, o cavalo-marinho é bastante valorizado no mercado asiático, sendo comercializado para fins decorativos e principalmente medicinais, uma vez que lhe são atribuídas propriedades farmacológicas e afrodisíacas.
Se, por volta de 2001 ou 2002, existiam cerca de dois milhões de cavalos-marinhos-de-focinho-comprido na Ria Formosa, formando uma das maiores colónias no mundo, em 2008 a população de cavalos-marinhos sofreu um declínio drástico com uma redução de 94%, contabilizando-se naquele apenas cerca de 120 mil animais. Em 2013 notou-se um aumento. No entanto, em 2016, o cenário voltou a agravar-se.
Para além da sua utilização para fins medicinais ou ornamentais, os cavalos-marinhos são um dos animais que suscitam mais curiosidade por terem uma ecologia distinta. Exemplo disso é o facto de ser o macho a dar à luz e de macho e fêmea manterem uma relação monogâmica ao longo do ciclo reprodutor.
As sub-espécies de cavalo marinho Hippocampus comes e erectus (a designação deriva do nome da criatura da mitologia grega hipocampo, descrita por Homero como um monstro marinho com patas de cavalo e cauda de peixe, que Posídon utilizava para se deslocar) são comuns na Ria Formosa, mas encontram-se em situação vulnerável.
Texto editado por Pedro Guerreiro