Galeria Municipal do Porto vai mostrar Núcleo Cabrita Reis da Colecção EDP
Germinal abre o calendário de 2018 da galeria no Palácio de Cristal a 17 de Março, que se prolongará depois com mais cinco exposições produzidas na casa.
Uma exposição com seis dezenas de peças das cerca de três centenas e meia que fazem o Núcleo Cabrita Reis na Colecção de Arte Fundação EDP abre, a 17 de Março, o calendário para 2018 da Galeria Municipal do Porto, no Palácio de Cristal.
Trata-se da “maior exposição alguma vez realizada a partir deste acervo”, disse Guilherme Blanc esta quarta-feira, na apresentação do programa da galeria municipal para o corrente ano, e que, no seu conjunto e numa sucessão de seis mostras, se propõe “dar a conhecer a arte portuguesa e a sua relação com a produção artística internacional dos nossos dias, nas várias disciplinas”.
A exposição inaugural chama-se Germinal, tem curadoria de Pedro Gadanho e Ana Anacleto, e vai antecipar, no Porto, a revelação do acervo que a Fundação EDP adquiriu junto de Pedro Cabrita Reis em 2015. Em Maio, a exposição será também mostrada em Lisboa, no Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia (MAAT), numa “dimensão ligeiramente alargada, em função do espaço aí disponível”, avançou ao PÚBLICO Miguel Coutinho, director-geral da fundação.
Na galeria do Palácio de Cristal, Germinal contará com obras de artistas como Joana Vasconcelos, João Louro, Carlos Bunga, João Pedro Vale, Vasco Araújo, Nuno Cera, Rui Toscano ou Noé Sendas. Será a expressão do “olhar de um coleccionador atento e amplamente vinculado ao apoio a artistas e às práticas experimentais, sinónimo de cosmopolitismo, vanguarda e compromisso com o futuro”, explicou Guilherme Blanc, assessor para a Cultura do presidente da Câmara, Rui Moreira, também presente.
O autarca portuense assinou com o administrador da Fundação EDP um protocolo de colaboração pelo qual esta subsidia a programação da Galeria Municipal do Porto com uma verba de 225 mil euros até 2022. Salientando a importância deste apoio, Rui Moreira disse que o programa para este ano significará um custo de 350 mil euros, reforçando que a galeria se apresenta hoje como “um projecto com um espaço destacado no contexto das exposições no país, e já também com afirmação internacional”.
A 9 de Junho, dia do nascimento de Paulo Cunha e Silva (1962-2015), abre a exposição do prémio com o nome do antigo vereador da Cultura da Câmara do Porto. Lançado em 2015, em homenagem ao curador, crítico e professor, o Prémio Paulo Cunha e Silva terá este ano a sua primeira edição, de facto, com a escolha, na primeira semana da exposição, do vencedor, seleccionado a partir das obras a apresentar pelos seis artistas que o júri escolheu no ano passado: a dupla portuguesa Mariana Caló-Francisco Queimadela, o brasileiro Jonathas de Andrade, a espanhola June Crespo, a norte-americana Christine Sun Kim, o guatemalteco Naufus Ramírez Figueroa e a ucraniana Olga Balema.
O ontem morreu hoje, o hoje morre amanhã, com inauguração a 30 de Junho, é a primeira de duas exposições a apresentar no mezanino da galeria. Respondendo a um convite da autarquia, a curadora Carla Filipe associou-se ao alemão Ulrich Loock, ex-director adjunto do Museu de Serralves, para abordar as “práticas sociais em nightclubs, enquanto espaços de fuga às possíveis falências de sistemas sociais diurnos”. Tratar-se-á de documentar, criar e cartografar esse mundo paralelo através de uma selecção de artistas locais e internacionais que vão reflectir a relação do particular com o plural nos caminhos da história da arte e na sua intersecção com a música.
Depois das férias, e coincidindo com a abertura da Feira do Livro, surgirá, a 7 de Setembro, Musonautas, Visões & Avarias: 1960-2010 – Cinco décadas de inquietação musical no Porto, com curadoria de Paulo Vinhas. Trata-se de “um projecto a marinar desde há muito tempo sobre o património musical do Porto nos últimos 50 anos” – salientou Guilherme Blanc –, que fará a “retrospectiva de cinco décadas de força e inquietação na criação musical portuense nas suas diferentes expressões e aventuras sonoras, desde a música erudita à de contestação, até à música experimental e às músicas electrónicas”.
No mês seguinte, de novo no mezanino da galeria, a dupla Musa Paradisiaca (Eduardo Guerra + Miguel Ferrão) apresenta Curveball Memory, uma mostra comissariada por Sofia Lemos que fará uma espécie de “auscultação do desejo das coisas”: objectos orais, textuais, sonoros, imagéticos, fílmicos, escultóricos e performativos…
O ano expositivo encerra com Transantiquity (7 de Dezembro), com Guilherme Blanc e Filipa Oliveira como curadores, a questionar os domínios da Antiguidade na actualidade e a inscrição dos artistas contemporâneos no pensamento sobre os tempos antigos.
A pensar já no próximo ano, Rui Moreira anunciou a promoção de uma “open call” para curadores da cidade do Porto, tendo em vista a agenda futura da galeria. “Queremos abrir e equilibrar a programação própria com projectos que surjam de fora”, especificou Guilherme Blanc.