Governo britânico avalia reforço de verba para investigar desaparecimento de Madeleine McCann

Desde 2011, estima-se que esta operação tenha custado mais de 12 milhões de libras (14 milhões de euros).

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EPA/LUIS FORRA

O Ministério do Interior britânico está a avaliar um pedido de financiamento adicional para a investigação da polícia britânica ao desaparecimento em Portugal de Madeleine McCann, disse à Lusa um porta-voz.

"A Polícia Metropolitana fez um novo pedido de financiamento, que está actualmente a ser avaliado. Os recursos necessários são revistos regularmente após uma avaliação rigorosa antes de ser atribuído qualquer novo financiamento", explicou o porta-voz.

Nem a Metropolitan Police nem o ministério adiantaram pormenores sobre o montante ou o período a que se destina, nem quando será tomada uma decisão.

A Polícia Metropolitana pediu fundos adicionais no início de 2017 e recebeu 85.000 libras (100 mil euros) para serem gastos em seis meses, entre Abril e Setembro desse ano. Desde 2011, estima-se que esta operação tenha custado mais de 12 milhões de libras (14 milhões de euros).

Em Abril, a propósito do 10.º aniversário do desaparecimento da criança no Algarve, Mark Rowley, director-geral adjunto da Polícia Metropolitana, afirmou que existiam ainda algumas "linhas de investigação cruciais", sem revelar mais detalhes.

"Temos algumas linhas de investigação cruciais, elas estão ligadas a certas hipóteses, mas não vou discuti-las porque fazem parte de uma investigação em curso. Temos algumas teorias sobre o que podem ser as explicações mais prováveis e estamos a investigá-las", afirmou.

Operação Grange

Foi após um apelo dos pais ao antigo primeiro-ministro britânico David Cameron que foi aberta em 2011 a Operação Grange, nome da investigação britânica ao desaparecimento da criança britânica para rever toda a informação disponível.

Em 2012, evoluiu para um inquérito formal, mas, dos 29 detectives que inicialmente envolveu actualmente restam apenas quatro dedicados ao caso.

Ao todo, terá revisto mais de 40.000 documentos, muitos dos quais tiveram de ser traduzidos de português para inglês, recolhidos 1338 depoimentos e 1027 objectos, determinadas 7154 diligências e identificadas 560 linhas de investigação, tendo sido enviadas mais de 30 cartas rogatórias internacionais.

A polícia britânica afirma ter investigado mais de 60 "pessoas de interesse", considerado um total de 650 criminosos sexuais e averiguados testemunhos de 8685 potenciais avistamentos de Madeleine em todo o mundo.

Madeleine McCann desapareceu poucos dias antes de fazer quatro anos, a 3 de Maio de 2007, do quarto onde dormia juntamente com os dois irmãos gémeos, mais novos, num apartamento de um aldeamento turístico, na Praia da Luz, no Algarve.

No início da investigação, a PJ chegou a constituir como arguido, um britânico que vivia nas proximidades do Ocean Club, Robert Murat, e que havia participado nas buscas e sido intérprete da GNR e da PJ. No início de Agosto de 2007, já depois de muitas peripécias que terão dispersado a atenção dos investigadores, a polícia britânica, com a ajuda de cães pisteiros, entrou em acção no local do desaparecimento, à procura de sangue e odores do cadáver da menina. Em Setembro, os pais de Maddie, ambos médicos, foram interrogados na PJ de Portimão e constituídos arguidos.

A 21 Julho de 2008, o Ministério Público decidiu arquivar o inquérito e retirar o estatuto de arguidos ao casal McCann e a Robert Murat, ressalvando que o caso poderia ser reaberto caso surgissem "novos elementos de prova".