FARC suspende campanha eleitoral por estarem a agredir os seus candidatos
Candidatos da antiga organização guerrilheira, que agora é um partido político, têm sido insultados e agredidos nos comícios eleitorais por toda a Colômbia.
A FARC, o partido político que nasceu da organização guerrilheira, suspendeu a sua campanha eleitoral para as legislativas e presidenciais, que se realizarão em Março e Maio deste ano, pela falta de condições de segurança dos seus candidatos.
Anteriormente denominadas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, quando ainda era um grupo de guerrilheiros rebeldes, as FARC foram transformadas no ano passado em partido político na sequência do acordo de paz negociado com o Presidente colombiano Juan Manuel Santos, chamando-se agora Força Alternativa Revolucionária Comunitária.
A decisão de suspender a campanha foi anunciada nesta sexta-feira, e surge na sequência de agressões, insultos e protestos que os seus candidatos têm sofrido durante os comícios. O historial de violência do grupo, que esteve envolvido num conflito com os sucessivos governos colombianos durante mais de cinco décadas, faz com que uma fatia da população esteja contra a transformação da organização exigindo que os seus membros sejam presos.
“Por agora decidimos suspender as actividades de campanha até termos garantias suficientes”, disse o líder do partido, Pablo Catatumbo, citado pela Reuters. “Pedimos a todos os partidos e movimentos políticos, sem excepção, que rejeitem este tipo de provocações”.
Com as últimas sondagens a dar-lhe cerca de 2% dos votos, a FARC apresentou o seu histórico líder guerrilheiro, Rodrigo Londono, mais conhecido como Timochencko, como candidato presidencial. Em vários comícios durante o fim-de-semana passado, populares reuniram-se chamando “assassino” e “terrorista” a Londono e atingindo o seu carro com ovos, tomates e garrafas.
O candidato do partido ao Senado, Ivan Marquez, que é um dos 74 candidatos que a FARC leva às legislativas, foi obrigado a cancelar também um comício no domingo na cidade de Florencia porque dezenas de pessoas protestavam contra a sua presença.
No âmbito do acordo de paz, a FARC garantiu dez assentos no Congresso colombiano até 2026.
A FARC acusa o partido Centro Democrático, de direita e liderado pelo antigo Presidente Álvaro Uribe – que teve particular mão de ferro contra os guerrilheiros – de provocar deliberadamente os ataques contra os candidatos.
O Presidente Juan Manuel Santos afirmou que iria garantir a segurança aos políticos da FARC instando os colombianos a protestarem pacificamente: “Eu peço que sejamos tolerantes e generosos entre nós. Não penso que isto seja do interesse da democracia e todos devemos rejeitar estas agressões que alguns candidatos estão a sofrer, especialmente os candidatos da FARC”.
De acordo com os dados oficiais, desde que foi assinado o acordo de paz, em 2016, 51 membros da FARC foram assassinados.