Trabalhadores da EGEAC subscrevem abaixo-assinado contra concessão do Maria Matos
A vereadora da cultura irá à 7.ª comissão permanente da Assembleia Municipal de Lisboa explicar o projecto de concessão.
Trabalhadores da Empresa e Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC) entregam, na quarta-feira, ao presidente da Câmara de Lisboa, um abaixo-assinado a contestar a decisão da autarquia de concessionar o teatro Maria Matos a privados.
Segundo um comunicado do Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa, o abaixo-assinado é subscrito por mais de 60% dos trabalhadores da EGEAC.
Em declarações à agência Lusa, Vítor Reis, do sindicato, disse que este processo reivindicativo visa contestar a decisão anunciada pela vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto, de concessionar o teatro Maria Matos.
Para o sindicalista, esta decisão "desvaloriza mais de uma década de investimento da autarquia" naquela sala municipal, junto à avenida de Roma.
"E desvaloriza também a formação altamente especializada prestada aos trabalhadores que, ao longo dos anos, fizeram deste teatro um equipamento cultural de referência e de excelência", frisou.
Apesar de não estar em causa qualquer posto de trabalho, o sindicalista sublinhou que os trabalhadores da EGEAC foram "surpreendidos" com esta decisão política da vereadora da Cultura, a qual tomaram conhecimento pela imprensa.
"E nada fazia esperar, já que não constava do programa eleitoral do PS para as últimas autárquicas", concluiu.
A vereadora da Cultura do município anunciou, em Dezembro, um novo projecto de gestão dos teatros da autarquia, com o objectivo resgatar lugares associados à cultura e diversificar a oferta cultural da cidade. Em declarações à Lusa, Catarina Vaz Pinto explicou que o novo plano prevê que apenas o Teatro Maria Matos seja gerido por uma entidade externa.<_o3a_p>
Na segunda-feira, a presidente da 7.ª comissão permanente da Assembleia Municipal de Lisboa, Simonetta Luz Afonso, disse aos representantes dos signatários da petição "Por uma gestão pública do Maria Matos" que Catarina Vaz Pinto irá à comissão explicar o projecto de concessão.<_o3a_p>
"Há uma discussão que deve ser feita e o assunto do Maria Matos ainda não terminou, por isso vamos também ouvir a vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto", acrescentou então Simonetta Luz Afonso.<_o3a_p>
Em declarações à agência, Sara Goulart Medeiros, a primeira signatária da petição, congratulou-se com o facto de a vereadora ir a esta comissão da AML, mas sublinhou que, mais importante ainda, é que a comissão "ouça os vários agentes envolvidos e com trabalho feito no Maria Matos".<_o3a_p>
"Porque são esses que podem explicar de viva voz que aquele teatro deve continuar a ser da autarquia, pois só assim poderá continuar a prestar serviço público", frisou.<_o3a_p>
Na audição na 7.ª comissão, Sara Goulart Medeiros apresentou números de espectadores do Maria Matos, de 2010 a 2017, sublinhando que apenas em 2016 se registou uma descida no seu número, considerando que este não é motivo para concessionar aquela sala a privados.<_o3a_p>
O total de espectadores do Maria Matos, de 2010 a 2017, de acordo com números públicos apresentados pela peticionária, é de 227.187, repartidos pelos diferentes anos: 23.519 (2010), 22.593 (2011), 21.889 (2012), 32.402 (2013), 36.654 (2014), 31.139 (2015), 24.329 (2016) e 34.662 (2017).<_o3a_p>
Para a deputada comunista Ana Margarida de Carvalho, o Maria Matos "foi sacrificado" e isso não será colmatado pela programação do teatro Luís de Camões nem pelo do Bairro Alto.<_o3a_p>
Esta deputada municipal reclamou ainda que "a falta de transparência" que pautou a reorganização dos teatros municipais de Lisboa "não se repita quando se estiver a tratar do caderno de encargos para a concessão do Maria Matos".<_o3a_p>
Por seu turno, a presidente da 7.ª comissão permanente disse que pessoalmente não tem nada contra a concessão do Maria Matos a privados, mas sublinhou que, se isso acontecer, "é necessário haver um caderno de encargos completamente blindado".<_o3a_p>
Entretanto, Sara Goulart Medeiros disse que a vereadora da Cultura já ouviu representantes dos signatários da petição, sublinhando que a vereadora deverá ainda participar num debate mais alargado sobre a questão.<_o3a_p>
Defendeu que esse debate devia realizar-se nas instalações daquela sala de espectáculos, na avenida Frei Miguel Contreiras.<_o3a_p>