Videoclipe
O bom assédio “saxual” dos Lola Lola
Esta galeria é uma parceria com o portal Videoclipe.pt, sendo a seleção e os textos dos responsáveis do projeto.
A crónica de Hilário Amorim: Videoclipe, o herói improvável
É das mais antigas fórmulas do videoclipe: filma-se a banda a interpretar a música (a promoção da imagem a isso obriga) e, paralelamente, na montagem, intercala-se com uma ficção — para que esta crie maior envolvência com o espetador (hoje ainda mais fundamental para as partilhas sociais) e para que da letra haja possibilidade de maior eloquência visual. Criativamente, o desafio atual passa por inseri-la dentro da narrativa, como neste exemplo, mas isso não tira o mérito ao realizador Nuno Barbosa por usar a velha estrutura, quando a ficção é uma pequena maravilha (com algumas imagens e pormenores memoráveis — as gaivotas!, o cão, etc), e com o volte-face final protagonizado pela vocalista dos Lola Lola. Banda portuense surgida das cinzas d'Os Tornados, que usa o "cliché" musical, e no vídeo também o fotográfico, para nos hipnotizar e magnetizar com a sua recriação inebriante do rock'n'roll dos anos 50 e 60, e despudoradamente dirigido às ancas. Este Voodoo Man aponta-nos uma mistura de rhythm'n'blues e rockabilly, com um saxofone barítono a assediar-nos a guarda insistentemente. E se é assédio, e se vem do "sax", só pode ser "saxual", logo, será impossível que alguém não diga "me too" a este som. Se consentirem, saibam também que na mesma cidade há ainda TT Syndicate e Marta Ren, e se esta última lança discos numa editora italiana especializada em retro-soul, correndo já meia Europa em concertos, os Lola Lola editam numa das mais importantes editoras europeias independentes de rock'n'roll, a Sleazy Records, portanto não estranhem vê-los também em vários palcos europeus.
Texto escrito segundo o novo Acordo Ortográfico, a pedido do autor.