Alcácer do Sal vai ter Centro de Arqueologia Náutica para estudar rio Sado

O projecto é uma parceria entre o município e a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa.

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Rui Gaudencio

A cidade de Alcácer do Sal, no distrito de Setúbal, vai acolher um Centro de Arqueologia Náutica do Alentejo Litoral, destinado a investigar e encontrar património arqueológico no leito do rio Sado.

No ano em que celebra 800 anos, a cidade alentejana vai passar a ser a "base" de um Centro de Arqueologia Náutica do Alentejo Litoral (CANAL), criado ao abrigo de uma parceria entre o município e a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa.

Tendo em conta que o rio Sado foi em tempos "uma grande auto-estrada fluvial ao longo de muitos e muitos anos", o novo centro pretende fazer uma investigação que permita encontrar "eventuais vestígios arqueológicos subaquáticos", explicou à agência Lusa o presidente do município, Vítor Proença.

O projecto envolve, além do município, o Instituto de Arqueologia e Paleociências (IAP) e o Instituto de História Contemporânea (IHC) da FCSH, que criaram uma unidade de investigação local para "promover a descentralização da investigação científica e académica em arqueologia subaquática", segundo o autarca.

Com o decorrer da investigação, adiantou Vítor Proença, será possível criar uma base de dados dos achados arqueológicos ao longo do rio, podendo, assim, ser feita uma Carta Arqueológica subaquática do Sado.

"Os investigadores estão convictos de que este rio tem escondidos, submersos, achados que podem ser colocados à luz do dia a partir dessa investigação que vai ser acompanhada por especialistas", acrescentou.

Embora só agora esteja a ser criado o centro, o projecto foi formalizado em setembro de 2015, com a assinatura de um protocolo de cooperação entre o município e a FSCH, com vista a investigar "todo o património cultural subaquático jazente nas águas do rio Sado, entre a cidade de Alcácer do Sal e a feitoria fenícia do Abul".

O rio Sado assumiu, desde o século VII/VI a.C., segundo a autarquia, "um importante papel na redistribuição das rotas comerciais, atuando como agente determinante na comunicação e articulação política e territorial desta zona litoral".

De acordo com o município, "embora exista uma Carta Arqueológica terrestre do concelho, nunca foram documentados relatórios ou trabalhos monográficos capazes de elucidar a importância do rio na sua história".

Para a instalação do centro na Ameira, em Alcácer do Sal, a câmara municipal cedeu um espaço, estando prevista para quarta-feira a assinatura de um contrato de comodato.