Nova liderança dos Verdes alemães quebra tradição

Partido elege dois pragmáticos mas fala para o eleitorado de esquerda.

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A nova liderança dos Verdes é pragmática mas tem discurso de esquerda HANNIBAL HANSCHKE/Reuters

A liderança dos Verdes, um dos partidos ecológicos com mais sucesso da Europa, é sempre ocupada por duas pessoas: um homem e uma mulher, um membro da ala mais centrista e outro da ala mais à esquerda. No fim-de-semana, o partido quebrou uma dessas tradições: os dois eleitos pertencem à chamada ala pragmática, ou seja centrista, do partido.

O partido votou no fim-de-semana para ter como líder Robert Habeck, 48, actual ministro do Ambiente do estado-federado de Schleswig-Holstein, e Annalena Baerbock, 37, deputada no Bundestag (Parlamento nacional).

No entanto, o diário Süddeutsche Zeitung diz, em comentário, que a nova liderança quer “herdar o testamento do SPD” e fazer dos Verdes “um novo grande partido de esquerda”. No congresso, nota o diário, Annalena Baerbock falou da pobreza escondida como o grande problema da Alemanha actual.

Os Verdes tiveram uma hipótese de chegar ao Governo após as eleições de Setembro do ano passado numa coligação “Jamaica”, que seria liderada pela CDU de Angela Merkel e ainda com a participação do FDP (Partido Liberal Democrata). Mas estas negociações falharam após a saída dos liberais em Novembro, para desapontamento de muitos ecologistas.

Os Verdes governaram a última vez a nível nacional com o então chanceler social-democrata Gerhard Schröder (1998-2005), e desde então alargaram o seu perfil, participando em coligações com conservadores em alguns estados-federados e, no caso do importante estado de Baden-Würtemberg, liderando mesmo a coligação.

Com o alargamento do perfil do partido, o resultado das últimas eleições foi um desapontamento: os Verdes acabaram por ser o menos votado dos partidos que entraram no Parlamento nas últimas eleições, com 8,9%, e o não conseguir entrar no Executivo foi um segundo revés.

Dois meses depois do falhanço das negociações para a coligação “Jamaica”, os Verdes procuram renovar-se e reinventar-se. A escolha da nova liderança parece ter sido um bom começo, com o risco que foi quebrar o tabu de ter sempre dois representantes das duas orientações mais importantes do partido, diz o diário Tagesspiegel.

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