O FC Porto foi quase feliz em Moreira de Cónegos
Empate com o Moreirense coloca em risco a liderança dos “dragões”, que quase chegaram ao triunfo no último minuto da compensação - o golo de Waris foi anulado por fora-de-jogo.
Foi uma alegria breve. Depois de 90 e tal minutos em esforço, mais trôpego que fluido, o FC Porto podia ter saído feliz de Moreira de Cónegos, com a liderança da Liga a salvo de ataques vindos de baixo. Mas o último impulso foi fora das regras e, depois dos festejos, ficou a frustração de um empate sem golos frente ao Moreirense em jogo da 20.ª jornada, que deixou a equipa de Sérgio Conceição, que tem meio jogo a menos, à mercê do Sporting no que às contas da liderança diz respeito — um triunfo sobre o V. Guimarães, hoje em Alvalade, deixa os “leões” em primeiro.
Com várias ausências importantes — Marcano e Danilo —, Sérgio Conceição não teve problemas em promover a estreia, e no “onze” inicial, de um dos reforços de Inverno, o brasileiro Paulinho, não como substituto directo do internacional português, mas no lugar que costuma ser de Herrera, esse sim, a fazer as vezes de trinco. O brasileiro teria como função ser um condutor rápido no meio-campo para a vertigem atacante portista, fundamentada exclusivamente no seu trio africano composto por um artista (Brahimi) e dois velocistas (Marega e Aboubakar).
Mas não é fácil jogar perante uma equipa formatada para resistir e confortável nesse papel. O Moreirense mostrava-se perfeitamente adaptado a jogar na sua metade do campo, muito sólido no combate central graças ao seu trio de médios Boubacar, Alfa Semedo e Tozé. Por ali não passava nada. Talvez numa noite mais inspirada do FC Porto um adversário super-defensivo não fosse problema, mas não era esse o caso.
De vez em quando, os portistas lá conseguiram encontrar um espacinho para chegar à baliza do Moreirense. Uma dessas situações foi aos 22’, numa saída rápida conduzida por Paulinho, que meteu em Aboubakar — o camaronês atirou ao lado. Aos 37’, foi Marega a receber no flanco esquerdo, deixou em Paulinho, mas o remate de pé direito em posição frontal (ele é canhoto) não lhe saiu nada bem. A solução podia ter saído numa bola parada, um livre de Alex Telles, aos 41’, com a bola picada por cima da barreira, mas Brahimi atrapalhou-se e nem rematou. E, aos 44’, Jhonatan brilhou na baliza do Moreirense, a desviar um remate de Óliver após jogada de Marega.
Foi assim a primeira parte. Moreirense sem presença ofensiva, mas confortável a defender, FC Porto obrigado a circular mais a bola do que está habituado, com oportunidades para mudar o resultado, mas a sofrer com alguma displicência dos seus avançados — Brahimi, tal como no jogo da Taça da Liga, andou longe do seu melhor.
Mas ainda havia toda uma segunda parte para carregar. E foi sendo mais do mesmo. Pressão e domínio portista sem consequência. E com Jhonatan a fechar os caminhos, como num livre directo de Alex Telles, aos 51’. O guardião brasileiro defendeu, a bola bateu na trave e, perante um iminente cabeceamento de Felipe, Ruben Lima cortou para canto.
A Sérgio Conceição só restava ir metendo gente no ataque. Primeiro foi Soares, a quem o treinador portista tinha feito uma exigência de empenho depois do que aconteceu em Braga, depois Waris, outro dos reforços de Inverno, finalmente Sérgio Oliveira. O Moreirense só tinha de continuar a fazer aquilo que Sérgio Vieira pretendia, resistir, e foi cumprindo essa missão, com menos um jogador em tempo de compensação, devido ao sacrifício de Boubacar, que travou uma corrida perigosa de Marega e foi expulso. Cada vez mais sôfrego, o FC Porto ainda foi feliz durante um ou dois segundos quando Waris cabeceou para as redes numa jogada que passou por Sérgio Oliveira e Ricardo, mas o francês estava em fora-de-jogo.