A vingança serviu-se nos penáltis

Sporting conquista primeiro troféu da temporada e estreia a Taça da Liga no seu historial. Final decidida nos penáltis, com equipa de Jorge Jesus a bater o V. Setúbal, que em 2008 tinha conquistado a primeira edição da competição frente aos “leões”.

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José Coelho/Lusa
O Sporting venceu a Taça da Liga
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O Sporting venceu a Taça da Liga LUSA/JOSE COELHO
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Gonçalo Paciência LUSA/HUGO DELGADO
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José Couceiro LUSA/JOSÉ COELHO
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Jogadores do V. Setúbal festejam o seu golo LUSA/HUGO DELGADO
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Lance do jogo entre V. Setúbal e Sporting LUSA/HUGO DELGADO

Foi uma noite de angústia, mas que teve final feliz para o Sporting, com a conquista da Taça da Liga frente ao Vitória de Setúbal. A vingança serviu-se nos penáltis e, dez anos depois da derrota na edição inaugural da prova, os “leões” libertaram-se desse trauma. Os 90 minutos terminaram com empate no marcador (1-1), mas nas grandes penalidades nenhum dos jogadores “leoninos” vacilou. Jorge Jesus conquistou o segundo troféu enquanto treinador do Sporting, após a Supertaça de 2015, e o sexto nesta competição.

Mas foram precisas duas horas com o coração nas mãos até os adeptos “leoninos” poderem celebrar. A confirmar a tendência recente, o Sporting sentiu dificuldades perante o V. Setúbal. Na primeira parte a equipa de Jorge Jesus foi uma nulidade e a vantagem dos sadinos no marcador era inteiramente justa. Só que a atitude dos “leões” mudou no segundo tempo e a pressão aumentou, forçando ao erro: Tomás Podstawski meteu a mão à bola e, no penálti correspondente, Bas Dost fez o 1-1. Era uma premonição do que aí vinha, com o desempate por penáltis a mostrar um Sporting 100% eficaz — Bas Dost, Bruno Fernandes, Mathieu, Coates e William Carvalho marcaram, castigando um segundo erro de Podstawski, que chamado a converter atirou a bola à trave.

Jorge Jesus fez duas alterações ao “onze” que tinha entrado de início na meia-final frente ao FC Porto: para além do lesionado Gelson Martins, abdicou também de Marcos Acuña. Bryan Ruiz e Fredy Montero foram os escolhidos para entrar na equipa — no caso do colombiano foi uma estreia a titular neste regresso ao emblema “leonino”. Só que o técnico arrependeu-se parcialmente dessa aposta após o que viu na primeira parte. Anárquico, caótico, confuso, desorganizado, escolha-se a palavra que se preferir, mas assim foi o futebol do Sporting. Um deserto de ideias. Os “leões” foram uma equipa sem velocidade, sem criatividade, sem capacidade de trocar três passes seguidos. O próprio Rui Patrício errou várias reposições da bola, atirando-a para fora, ou directamente para adversários.

Isso fazia do Sporting uma presa demasiado fácil para um V. Setúbal bem estruturado e muito pressionante. Gonçalo Paciência foi o homem em evidência na equipa de José Couceiro, aproveitando a passividade da defesa “leonina” para inaugurar o marcador. A bola sobrou para a entrada da área após corte de Coentrão e o avançado antecipou-se a Coates, rodou e desferiu o remate fora do alcance de Rui Patrício.

A vantagem sadina era justa e a diferença mínima lisonjeava o Sporting, cuja produção atacante esteve perto de zero: apenas um cabeceamento de Bas Dost para amostra, que Trigueira segurou.

O arrependimento de Jorge Jesus fez com que tirasse Bryan Ruiz e Rúben Ribeiro da equipa ao intervalo para lançar Battaglia e Acuña. Bruno Fernandes avançou no terreno e passou a ocupar o lado direito do ataque, o que viria a revelar-se decisivo para o desfecho da final. Mas não antes de a defesa “leonina” passar por mais momentos de sério apuro. Na sequência de um remate traiçoeiro de Gonçalo Paciência, que Rui Patrício defendeu, a bola sobrou para Costinha, que em excelente posição, e sem qualquer pressão, atirou ao lado.

Os nervos cresciam do lado do Sporting, mas também crescia o assédio à baliza do V. Setúbal. Coates aproveitou um falhanço da defesa sadina, após livre de Bruno Fernandes, mas não conseguiu visar a baliza. Até que, os 80’, o empate surgiu num penálti convertido por Bas Dost. Tudo começa com Bruno Fernandes na direita a centrar a bola para a área — o holandês cabeceou para defesa de Trigueira, Coentrão na recarga também permitiu a defesa e, à terceira, o holandês viu a bola ser cortada por Tomás Podstawski com a mão. Após consultar o videoárbitro, Rui Costa assinalou penálti e Bas Dost deu vida ao Sporting.

Acabava a resistência sadina, embora Trigueira ainda fizesse uma bela defesa a um tiro de Bruno Fernandes. Mas nos penáltis nada pôde fazer. A vingança estava servida.

Figura do Jogo no V. Setúbal - Gonçalo Paciência

Actor principal do V. Setúbal e causa de muitas dores de cabeça para a defesa do Sporting, o jovem avançado foi uma ameaça permanente. Aproveitou as facilidades que lhe ofereceram para inaugurar o marcador com um bom golo, e não parou de lutar e incomodar os “leões”, fosse em combinação com os parceiros do ataque ou em iniciativas individuais, como aos 50’ quando obrigou Rui Patrício a uma defesa apertada. É um jogador cada vez mais maduro, como mostrou ao assumir a responsabilidade de ser o primeiro a marcar no desempate por penáltis.

Figura do Jogo no Sporting - Bruno Fernandes

Foi um dos raros exemplos, talvez o único, que conseguiu escapar à anarquia generalizada do Sporting no primeiro tempo. Mas não pode fazer tudo sozinho, e seria com o seu adiantamento no terreno, na segunda parte, que começou a ser mais influente na partida. Jorge Jesus fez entrar Battaglia na equipa e o internacional português passou para o lado direito do ataque “leonino” — seria de lá que faria a assistência para o lance que veio a resultar no penálti do 1-1. Ainda antes do final do tempo regulamentar desferiu um remate portentoso, que Pedro Trigueira contrariou com uma defesa igualmente notável.

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