Associação José Afonso abre núcleo na Galiza e celebra 35 anos do concerto do Coliseu

A Associação José Afonso abre esta sexta-feira na Galiza o seu décimo-sexto núcleo e dia 29 assinala em Lisboa os 35 anos do concerto de José Afonso no Coliseu, em 1983.

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José Afonso com o cantor galego Benedicto García Villar, na Galiza AJA (ASSOCIAÇÃO JOSÉ AFONSO)

Depois de em 2017 ter assinalado com múltiplas iniciativas os 30 anos da morte de José Afonso (1929-1987), a Associação José Afonso (AJA) vai inaugurar esta sexta-feira um núcleo na Galiza, o seu décimo sexto (tem catorze em Portugal e um em Bruxelas) e no dia 29 de Janeiro vai realizar em Lisboa uma sessão comemorativa do concerto de José Afonso no Coliseu, em 1983, precisamente há 35 anos. Nesse dia, pelas 19h, na sede da AJA em Lisboa, será projectado o DVD do concerto, seguindo-se um debate com a participação de Alain Vachier (que participou, à época, na organização do concerto) e do multi-instrumentista Rui Júnior, um dos vários músicos que nele tocaram. Rui Júnior foi, também, um dos músicos ouvidos pelo PÚBLICO quando em 2017 gravou vários depoimentos sobre a experiência daquela noite (O concerto pelo coração da plateia).

“Eu era muito novo o Zeca chamava-me o puto dos tambores”, disse então Rui Júnior, descrevendo o ambiente ali vivido com um provérbio: “Que tem muito significado e que é ‘quem canta seus males espanta’. Acho que era esse o ambiente. Cantando, tocando, a última coisa em que pensaríamos naquele momento era a morte. O próprio Zeca não estaria a pensar nisso, não me pareceu estar com uma atitude de auto-comiseração.”

Galiza, uma ligação antiga

Já a abertura de um núcleo da AJA na Galiza terá especial significado, porque ao longo da sua vida e carreira, José Afonso tornou pública pela Galiza uma admiração que era recíproca e que se manifestou em diversos actos de comunhão musical e solidariedade. Foi em Santiago de Compostela que Grândola Vila Morena foi cantada pela primeira vez ao vivo, num espectáculo quase secreto e diante de uma audiência estudantil (no dia 10 de Maio de 1972, dois anos antes de servir de senha ao 25 de Abril) e foi a Galiza que organizou, quando se soube da doença que minava o cantor, um espectáculo de solidariedade e celebração da sua obra. Foi em 1985, no “Burgo das Naçons”, hoje Parque José Afonso, em Compostela, e está gravado em CD (Galiza a José Afonso).

Assim, dia 26 haverá uma conferência de imprensa na Casa das Crechas, às 12h30, seguindo-se no mesmo local uma exposição intitulada Zeca: o que foi, o que é – uma Fotobiografia. À noite haverá um jantar e o acto formal da constituição do núcleo. No dia seguinte, 27, uma delegaçãoda AJA será recebida pelo Concelho de Santiago de Compostela e, às 18h, haverá, no Centro Social “A Gentalha do Pichel”, uma palestra intitulada O Triângulo Mágico na Vida e Obra de José Afonso – África, Portugal, Galiza, a cargo de Paulo Esperança, vice-presidente da direcção nacional da AJA.

O cantor Francisco Fanhais (presidente da AJA) participará nessa sessão com algumas cantigas, bem como num concerto que reunirá depois na Sala Malatesta de Compostela, às 22h,  cantores e grupos como Uxía, Nao, Falúa, Banda das Crechas, Xico Carinho & Manolo Bacalhao, Do Fondo do Peto, Cais da Saudade e Tiago Fernandes, com Carlos Blanco por apresentador. Dia 28 de Janeiro, às 10h30, serão evocados no Parque José Afonso os quarenta e cinco anos da passagem do criador da Grândola por Compostela.

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