Orlando Figueira volta a negar conhecer Manuel Vicente e rebate acusações uma a uma

"Não tenho ninguém com quem falar senão com as minhas cadelas", diz o procurador acusado de ter sido corrompido pelo ex-vice-presidente angolano na primeira sessão do julgamento da Operação Fizz.

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Orlando Figueira falou aos jornalistas à saída do Campus de Justiça em Lisboa Rui Gaudêncio

O procurador Orlando Figueira negou uma vez mais, na primeira sessão do julgamento da Operação Fizz, em que é acusado de se ter vendido ao ex-vice-presidente de Angola Manuel Vicente, conhecer sequer o antigo governante.

“Não o conheço de lado nenhum”, declarou o magistrado na sala de audiências do Campus da Justiça, em Lisboa. O arguido, que responde por branqueamento de capitais e corrupção passiva, por alegamente ter arquivado dois processos em que Manuel Vicente era investigado em troca de dinheiro, encontra-se em prisão domiciliária há mais de ano e meio, depois de ter passado quatro meses na cadeia, em prisão preventiva. “Não tenho ninguém com quem falar senão com as minhas cadelas”, queixou-se, enquanto reabatia, uma a uma, as acusações do Ministério Público.

Segundo o arguido, o grupo bancário BPA, para o qual trabalhou depois de deixar a magistratura, tinha de facto ligações a Manuel Vicente mas acima deste estava o banqueiro Carlos Silva, que nunca foi suspeito nos inquéritos a seu cargo quando ainda estava no Departamento Central de Investigação e Acção Penal.

Tal como já tinha feito num requerimento que entregou aos juízes antes de começar o julgamento, Orlando Figueira sublinhou que as suas decisões de arquivamento, que datam de 2011, foram subscritas pela então directora do DCIAP Cândida Almeida, que há-de prestar depoimento neste julgamento num dos próximos dias, na qualidade de testemunha.

Em defesa desta tese, o advogado de Manuel Vicente e de um outro arguido, Rui Patrício, recordou que outros colegas de Orlando Figueira naquele departamento do Ministério Público arquivaram igualmente processos semelhantes – não tendo sido, ao contrário deste magistrado, alvo de qualquer tipo de suspeitas por o terem feito. “Os arquivamentos de Orlando Figueira tiveram a concordância expressa da sua hierarquia,  num dos casos do então Procurador-Geral da República, Pinto Monteiro”, sublinhou o advogado. 

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