Estes relógios de design nórdico são um sucesso no Kickstarter — e têm toque português

"Startup" dinamarquesa Nordgreen conseguiu em apenas duas horas o financiamento pedido no Kickstarter. E há um português nos bastidores: o "growth hacker" Daniel Rocha

Foi "uma decisão de fim-de-semana" que lhe pode ter mudado a vida. Estava o seixalense Daniel Rocha em Copenhaga a estudar Gestão quando um amigo lhe falou do projecto da Nordgreen, uma startup especializada em relógios de luxo com design escandinavo. Era uma sexta-feira; na segunda-feira, depois de um rápido contacto com os fundadores, já se encontrava a trabalhar. Agora, seis meses depois, o português é um dos responsáveis pelo sucesso desta empresa, que, em apenas duas horas, conseguiu angariar 13 mil euros na plataforma de crowdfunding Kickstarter. Largamente, aliás: a soma já vai agora nos 130 mil euros. 

“Quando lá cheguei, havia apenas uma ideia”, atesta, em conversa com o P3, o jovem. Desde então, a empresa cresceu a olhos vistos e até o famoso designer dinamarquês Jakob Wagner se juntou aos fundadores Vasilij Brandt e Pascar Sivam, tendo desenhado a primeira colecção.

A Nordgreen é uma empresa que faz relógios. Pondo as coisas desta forma, não se percebe o motivo para este negócio ter conseguido arrecadar uma soma tão avultada, proveniente de mais de 900 pessoas. Mas Daniel explica. A empresa tenta, fundamentalmente, incorporar os “valores dinamarqueses” nos seus produtos, autênticos cânones de vida como a simplicidade, a elegância e o equilíbrio, além de querer comercializar peças de design escandinavo a preços mais acessíveis. Nesse sentido, existem três relógios disponíveis — Philosopher, Infinity e Native — com diferentes cores e correias. 

Foto
Daniel Rocha, o jovem empreendedor português da Nordgreen DR

Um relógio que também é solidário

Foto
O relógio Philosopher DR

Aliada à vertente empresarial, a empresa tem também uma forte componente solidária. Cada relógio vendido permitirá apoiar uma de três causas. “Queríamos ter causas relevantes e perguntámo-nos a nós mesmos o que é que o mundo realmente necessitava”, refere Daniel. Os interessados têm a possibilidade de contribuir na área da Saúde (permitindo que uma pessoa tenha dois meses de acesso a água potável em África), da Educação (subsidiando durante um mês a formação de uma criança indiana) e do Ambiente (preservando 200 metros quadrados de floresta na América Latina).

Foto
Os dois fundadores da empresa com Jakob Wagner, no centro Anne Sophie Hermans Photography

Na opinião de Daniel, este cariz solidário reflecte a própria mentalidade dos habitantes de Copenhaga: “A qualidade de vida aqui é bastante elevada e as pessoas gostam de ajudar os outros”. A preocupação agora é manter este boom inicial e “aumentar as vendas para fazer crescer a empresa nos próximos anos”, diz o jovem, que trabalha como growth hacker da startup. Ou seja, está responsável por todo o crescimento, da estratégia da marca à aquisição de novos clientes. 

Actualmente, trabalham no escritório 25 pessoas de diferentes nacionalidades. "Temos pessoas da China, Japão, Chile, Suécia, Alemanha e de vários outros países", diz Daniel, sublinhando que esta também é uma forma de se preparem para o iminente lançamento da empresa em 14 países em simultâneo. Esta diversidade "facilita" a entrada nos mercados e não exige à equipa um "trabalho redobrado" no conhecimento destes. 

A campanha de crowdfunding no Kickstarter termina a 2 de Fevereiro e os primeiros produtos devem ser enviados em Março. Para já, ainda estão disponíveis relógios a aproximadamente 130 euros. 

Sugerir correcção
Comentar