Mulheres com atitude, histórias inspiradoras
Ana Sofia Martins, Capicua, Sofia Lacerda e Inês Simas aceitaram partilhar as suas histórias de sucesso profissional, na conferência #SMARTgirl. Descobrir talentos, não desistir, ter foco e ir à luta, acreditar que é possível fazer diferente, e aliar tudo isto às potencialidades das novas tecnologias, foram alguns dos conselhos partilhados.
Realizou-se ontem, no Auditório do PÚBLICO, em Lisboa, a Conferência “#SMARTtgirl”, promovida pela Samsung. O evento, moderado por Cristina Ferreira, contou com a presença da apresentadora e actriz Ana Sofia Martins, a modelo e actriz, a viajante e developer Sofia Lacerda, a Chef de cozinha e health coach Inês Simas e a rapper Capicua. São elas as caras e embaixadoras da nova campanha da marca, juntamente com a futebolista Ana Borges e a surfista Teresa Bonvalot, que tem como objectivo principal inspirar as mulheres portuguesas.
Cristina Ferreira começou por afirmar que “cada vez mais, as mulheres ganharam espaço, têm a liberdade de poder falar, acreditando que conseguem sempre aquilo que desejam ou que têm como objectivo”. É o poder da atitude que a marca defende com a campanha que tem como mote passar o testemunho de mulheres inspiradoras e que decidiram partilhar as suas histórias profissionais de sucesso, na tarde de ontem, aos presentes no auditório, e a quem acompanhou a conferência transmitida em directo, no site do PÚBLICO e no Facebook da Samsung.
Ana Sofia Martins tem 30 anos e, para si, “uma #SMARTgirl é alguém que não tem medo de arriscar e que está confortável na sua pele”. Foi aos 15 anos para Nova Iorque, onde viveu durante uma década. Apesar de confessar que não foi uma mudança fácil, assumiu que foi a oportunidade de mudar a sua vida. “Era o momento de mudar a história que me tinha sido atribuída”, disse.
Quanto ao facto de ser muito nova e de ter conseguido ser bem-sucedida, Ana Sofia Martins considera que tudo se deve às circunstâncias da sua vida. “Se a minha família não tivesse passado pelas dificuldades que passou, talvez o meu percurso tivesse sido diferente. Visto que a vida me estava a levar para o outro lado, quis aproveitar o máximo, e o facto de estar sozinha em Nova Iorque, ajudou-me muito a perceber que há muitas pessoas diferentes. Percebi também que na profissão que tinha na altura (de modelo), somos facilmente substituíveis”, defendeu.
Para a também modelo, era fulcral conquistar os seus clientes pela sua personalidade. “Isso é ser uma #SMARTgirl: perceberes quais são os teus pontos fortes e evidenciá-los a toda a hora”, afirmou. Ana Sofia Martins acabou por partilhar que tem a vida toda dentro do telemóvel. “Tenho consciência que, se não fosse o telefone, a minha vida profissional seria bem mais complicada, até porque as redes sociais acabam por ser a plataforma que mais nos aproxima do nosso público”, disse.
Como mulher inspiradora, numa era sem tanta tecnologia, que corresponde ao começo de carreira de Ana Sofia Martins, a opção vai para Oprah Winfrey. “Sempre foi um símbolo de resiliência e um grande exemplo para mim”, confessou. Mas também as suas amigas são as pessoas que mais a inspiram no dia-a-dia. “Faço questão que elas se sintam celebradas. Tenho amigas que me deixam exemplos daquilo que eu gostaria de ser”.
Cristina Ferreira pediu a Ana Sofia Martins para dar conselhos às jovens que são inspiradas pela sua história e que eventualmente lhe queiram seguir as pisadas. “Há que saber lidar com a rejeição porque acho que isso faz parte do crescimento. Infelizmente, o que sinto nesta nova geração é que tem de se dizer a tudo que sim. Eu tive de ouvir cinco anos de ‘não’ até chegar um ‘sim’ que fez realmente a diferença na minha carreira”. Relativamente ao meio da moda, Ana Sofia Martins revelou que costuma dizer às jovens com quem se cruza que “ser famoso não é uma profissão” e que leva o seu tempo, acabando por confessar que não baixa os braços, vai à luta e à procura de mais oportunidades. “Não temos de nos limitar, nem por circunstâncias físicas, nem sociais”.
Investir nos talentos pessoais
Capicua nasceu no Porto e é rapper. Começou por confessar que desde muito nova que fala muito, desenvolveu um espírito crítico e uma curiosidade muito aguçados. “Sempre me interessei por coisas que tivessem a ver com as palavras, com a escrita e com um olhar sobre o mundo”. Na adolescência, fez trabalho associativo, foi militante num partido político, foi estudar sociologia. “Fui descobrir o mundo para tentar desconstruir as coisas e perceber as causas atrás dos fenómenos. Acho que sou intuitivamente feminista desde a primeira hora e isso tem a ver com a minha personalidade e com a forma como os meus pais me educaram”.
Da escrita à música, as melhores lições de vida foram, na sua opinião, adquiridas com o Hip Hop. Defensora de que todas as pessoas têm um talento, devem é descobri-lo, afirmou que sempre teve “espírito de iniciativa e de concretização”. Capicua considera que o investimento nos talentos pessoais é algo a ter em consideração mas que é “pouco encorajado na educação das mulheres. Culturalmente, acho que se incute que uma mulher, para ser bem sucedida, tem de casar e ter filhos. Ter uma profissão é o terceiro item da checklist”.
Cristina Ferreira questionou a rapper se as mulheres de hoje têm menos medo e Capicua respondeu que “o mundo mudou, temos mais oportunidades, já podemos votar, sair do país sem autorização do marido ou do pai. Hoje somos a maioria nas universidades, há mais mulheres licenciadas do que homens, mas quando vamos ver a discrepância salarial, percebemos que ainda estamos em desvantagem”.
Como mensagem final, Capicua partilhou que “o RAP é uma ferramenta super poderosa porque alia a música, que é invasiva, à palavra que acrescenta um poder de infiltração na nossa vida que é quase inexplicável. É muito comum estar no palco e sentir que quem me está a ouvir, vai sair com a vontade de mudar o mundo”.
A tecnologia, para a rapper, é vista como uma aliada da democratização no acesso à música, pois no passado, havia uma grande barreira entre os músicos e os consumidores da mesma. “Estávamos dependentes da rádio e das editoras, mas hoje em dia os músicos conseguem comunicar com o seu público de uma forma muito mais directa, espalhando informação de uma forma mais imediata", conclui.
Tecnologias em constante mudança
Desde pequena que Sofia Lacerda se lembra de gostar de computadores. Aos dez anos, já sabia desenvolver um pouco de design, e começou por ter este hobbie. Mais tarde, começou a ser paga por algo que gostava de fazer, e deixou-se apaixonar pelo mundo da programação. “A tecnologia está sempre a mudar e a desenvolver-se. Se me derem um projecto agora, daqui a seis meses já será completamente diferente. É uma área em que temos de estar sempre em cima das novas tecnologias, em que temos de nos adaptar e aprender”, afirmou.
O facto de ser mulher, no seu caso, ajudou-a e não a prejudicou. “Fui estudar e trabalhar para Londres e era a única que programava. Os homens até achavam piada, davam-me mais atenção e motivam-me a aprender. Em Portugal, há cada vez mais startups e qualquer pessoa consegue começar o seu próprio produto. Basta ter um telemóvel, um computador e acesso à internet para aprender a programar e a desenhar.
Enquanto empreendedora, Sofia Lacerda desenvolve ideias que levem a que as novas tecnologias ajudem as pessoas a desfrutar, cada vez melhor e com maior qualidade, da vida real.
Fazer a diferença
Para a health coach e Chef de Cozinha, Inês Simas, o espírito de missão esteve sempre presente, desde muito pequena. “Queria ser jornalista de investigação e tinha vontade de ser alguém que fizesse a diferença. Era um sentimento estranho que acho que não é explicável, mas eu sabia que estava aqui por alguma coisa”, começou por afirmar. Depois de se formar em Relações Internacionais, estudou em Roma e foi para os Estados Unidos da América para agarrar as oportunidades que foram surgindo e que não a desviavam do seu objectivo e foco.
“Acabei por voltar para Portugal e a vida fez-me assentar, casar, ter filhos e seguir o caminho que todas acabamos por sentir e que é aquilo que nos vai puxando”, contou. Inês Simas acabou por perceber que o seu caminho passava por fazer a diferença, mas noutra área. “Quando fiquei muito doente, de repente deitei tudo ao ar e pensei no que é que estava aqui a fazer. Agarrei-me novamente à vida, e o meu primeiro pensamento foi: quero ter qualidade de vida. Comecei um negócio na área da restauração, mas naquele momento, nem sequer sabia que aquilo iria ser a solução para os meus males. Comecei a trabalhar o alimento e a perceber que isso me preenchia. Percebi que há alimentos inflamatórios e não inflamatórios, e que havia um mundo por descobrir”, partilhou.
Trabalhar o alimento era uma forma de lhe trazer saúde, mas também aos outros. “Comecei a pensar que eu, como uma pessoa que escreve um livro, que tem um blog e um restaurante, que tem todos os canais para conseguir espalhar isto, tinha de conseguir ser forte e espalhar esta mensagem. "A tecnologia é fundamental porque consigo beber muito mais informação do que antigamente. Por outro lado, também consigo chegar a um maior número de pessoas com a mensagem que quero passar". Inês descobriu assim a sua missão como Chef de Cozinha: “trabalhar o alimento, o mais natural possível, para mostrar a toda a gente, e sobretudo às pessoas que têm uma limitação, como a que eu tenho, que não somos diferentes”.
Quatro histórias diferentes entre si mas que partilham algo entre si: o poder da atitude.