“Sou a pessoa menos racista que já entrevistaram”, defende-se Trump
O Presidente norte-americano disse estar "disponível" para manter o programa DACA. Põe a responsabilidade de chegar a acordo nos ombros dos democratas.
“Não sou racista.” A garantia é do Presidente norte-americano, que respondeu assim às acusações de racismo e às críticas que chegaram até do Partido Republicano depois de, durante uma reunião na Sala Oval da Casa Branca na última semana, ter questionado por que é que os Estados Unidos deveriam receber pessoas de “países merdosos” [“shithole countries”, no original], referindo-se ao Haiti e a alguns países africanos.
À chegada ao seu clube privado de golfe, onde jantou com o líder dos republicanos na Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, Trump afirmou aos jornalistas que ele próprio era “a pessoa menos racista que já alguma vez entrevistaram. Isso posso garantir-vos”.
Não obstante, o líder dos EUA não esclareceu o que terá dito durante a reunião que juntou os senadores Lindsey Graham (republicano) e Dick Durbin (democrata), que tinham uma proposta resolver a situação do programa DACA, e dois senadores do Partido Republicano, que para sua surpresa ali se encontravam também, para ouvir a sua proposta de reforma das leis de imigração.
Na sexta-feira, os dois senadores convidados, David Perdue, da Georgia, e Tom Cotton, do Arkansas, emitiram um comunicado em conjunto a desmentir as citações atribuídas a Trump. Garantem que “não se recordam” que Trump tenha feito tais comentários.
Ainda à entrada para o jantar, o Presidente dos Estados Unidos afirmou-se disposto a chegar a um acordo para proteger da deportação imigrantes que chegaram aos EUA de forma ilegal quando eram crianças, horas depois de ter escrito no Twitter que o programa iria ser, “provavelmente”, descontinuado.
“Estamos prontos, dispostos e capacitados para um acordo no [programa] DACA [sigla em inglês para Deferred Action for Childhood Arrivals, mas não creio os democratas queiram um acordo.” No Twitter, Trump acusou os democratas de “não quererem verdadeiramente” sobre o DACA e tencionarem apenas “desesperadamente” tirar “dinheiro necessário ao nosso Exército”.
Em causa está a protecção de dois anos (renovável) conferida a cerca de 800 mil pessoas que chegaram aos EUA quando eram crianças, dando-lhes a oportunidade de obterem uma autorização de trabalho. No entanto, a Administração Trump anunciou que não iria renovar essa protecção.
O Congresso deverá então chegar a acordo para reformar as leis da imigração. No passado, Trump afirmou que aceitaria promulgar uma lei que previsse uma solução mais estável para os "dreamers", desde que o Partido Democrata aceitasse satisfazer as suas propostas de campanha, nomeadamente a construção de um muro.
Também este domingo, Trump desmentiu uma afirmação que lhe foi atribuída pelo Wall Street Journal a respeito da sua relação com o líder norte-coreano. Na quinta-feira, o jornal norte-americano publicou um artigo onde citava Trump a falar da sua "provável boa relação com Kim Jong Un". No Twitter, o Presidente afirmou que "obviamente não disse isso" e corrigiu a citação para o condicional: "Eu disse que teria uma boa relação com Kim Jong Un", uma grande diferença", escreveu. "Felizmente agora gravamos as conversas com os jornalistas", acrescentou, sem no entanto partilhar as alegadas gravações com a sua citação original.