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Fintar a morte nos Alpes pela promessa de uma vida melhor
Abdullhai, de 38 anos, é um dos imigrantes da Guiné que espera que atravessar os Alpes seja a última etapa até chegar ao destino esperado: França. O piso gelado é escorregadio, inclinado e perigoso. Abdullhai segue num grupo com cinco outros migrantes e enfrentam condições adversas: podem escorregar e cair no precipício, podem ser atingidos por pedras a cair ou podem sucumbir às temperaturas negativas que se fazem sentir ainda mais nas suas roupas pouco adequadas ao frio que enfrentam.
Para trás, na Guiné, Abdullhai deixou a sua mulher e três filhos – incluindo um menino de dois anos que nunca chegou a ver. Abdullhai é um entre centenas de migrantes que tentaram, no último ano, chegar a França através da Itália, optando pelas montanhas para fugir ao controlo fronteiriço.
“A nossa vida na Guiné não é boa”, contou Abdullhai ao fotógrafo da Reuters Siegfried Modola, pedindo que não fosse revelado o seu apelido. “Não há trabalho e não há futuro para as minhas crianças. Aqui na Europa temos um futuro. Podemos encontrar trabalho e viver uma vida com alguma dignidade. Vale a pena tentar”.
“Prenderam-me e torturaram-me na Líbia durante muitos meses. Fui obrigado a trabalhar de graça. Basta olhar para as minhas cicatrizes”, dizia o guineense Kamarra, de 28 anos, enquanto levantava a camisola e baixava as calças para mostrar as cicatrizes desse tempo. “Depois de tudo isso, atravessar os Alpes não é um grande problema”.
O grupo chegou a França em Dezembro.