Bitcoin e outras moedas em queda com Coreia do Sul a querer travar transacções

O preço de criptomoedas como o ethereum e o ripple também desceu.

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O preço da bitcoin tem estado sob pressão este ano LUSA/SASCHA STEINBACH

A montanha russa das criptomoedas continua: o valor da bitcoin caiu perto de 13% na madrugada de quinta-feira depois de novas notícias de que a Coreia do Sul se prepara para proibir, completamente, transacções com moedas digitais. Não foi a única criptomoeda afectada.

A informação sobre a legislação sul-coreana veio do próprio ministro da Justiça do país, Park Sang-ki: “Estamos a preparar um projecto lei para banir as transacções de criptomoedas”, disse o ministro numa conferência de imprensa. Recentemente, as autoridades do país encontraram vários serviços de criptomoedas locais a serem utilizados para fuga ao fisco. “Há fortes preocupações sobre as moedas virtuais”, nota Park Sang-ki.

A intenção tinha sido sugerida em Dezembro, quando o governo sul-coreano anunciou novas medidas para regular transacções com as divisas digitais como, por exemplo, a utilização do nome verdadeiro para efectuar transacções.  Dois meses antes, o país já tinha proibido o financiamento de empresas através do lançamento de novas criptomoedas (as chamadas Initial Coin Offerings, ou ICO).

A possibilidade de os serviços serem completamente encerrados levou o valor de várias criptomoedas – como a bitcoin, a ether e a ripple – a tropeçar em várias bolsas online. A bitcoin caiu perto de 2000 dólares (cerca de 1680 euros) durante a madrugada. Os preços destas divisas variam nas várias bolsas online em que são compradas e vendidas. O preço no site especializado Coindesk passou de cerca 14.800 dólares para 12.800 dólares. É o valor mais baixo desde o dia de Natal. As criptomoedas ripple e a etherum, algumas das mais conhecidas depois da bitcoin, também caíram perto de 10% esta madrugada. Desde então, têm recuperado. 

Esta semana, o site especializado CoinMarketCap também tinha contribuido para a descida de várias criptomoedas ao remover os preços nas bolsas sul-coreanas do seu indicador de preços. A decisão deveu-se ao facto de naquelas bolsas os preços serem significativamente mais elevados do que no resto do mundo, o que levava a uma distorção da média.

A nova legislação na Coreia do Sul, porém, deve demorar: depois do projecto lei para banir as transacções com criptomoedas estar terminado, é preciso que consiga votos da maioria dos 297 membros da Assembleia Nacional. O gabinete de imprensa do Ministério da Justiça explica que o processo pode demorar anos. Mesmo depois de aprovado, os sul coreanos interessados em utilizar os serviços podem visitar países vizinhos para realizar transacções em criptomoedas.

A acção da Correia do Sul chega numa altura em que reguladores de todo o mundo se preparam para regular o mercado das criptomoedas que se expandiu no último ano. Em Setembro, a China proibiu transacçõs com criptomoedas. Este Dezembro, os Estados-membros da União Europeia concordaram em introduzir regras mais rígidas em plataformas de transferência de bitcoins e outras moedas digitais. Uma das medidas para prevenir o financiamento de acções ilegais e fuga ao fisco é eliminar a possibilidade de anonimato ao lidar com bitcoins. Ainda no mês passado, o regulador isrealita dos mercados financeiros também anunciou que quer proibir empresas cujo negócio se centra em moedas virtuais – como a bitcoin – de estarem cotadas na bolsa de valores de Telavive.

Outros países estão a optar por regular serviços com criptomoedas para apoiar e controlar a inovação. O Japão é um dos casos com algumas empresas a permitir aos trabalhadores receber o salário em bitcoins. Esta semana, o presidente do banco JP Morgan Chase, conhecido pela sua opinião crítica da bitcoin, disse estar arrependido de descrever a divisa como uma fraude num comentário feito há alguns meses. Apesar de continuar céptico quando às criptomoedas, afirmou haver potencial na blockchain, a base de dados descentralizada que nasceu com a bitcoin e regista todas as transacções efectuadas.

Apesar da preocupação com a bitcoin, a Coreia do Sul também assegura que vai continuar a promover o desenvolvimento de tecnologias como a blockchain.

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