Resíduos de antiga mina do Pejão estão a arder há meses, poluindo o ar
Combustão já vem desde o incêndio de 15 de Outubro e está a lançar gases tóxicos.
A Câmara de Castelo de Paiva informou a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) sobre a combustão, há vários meses, de resíduos de carvão da antiga Mina do Pejão que estão a lançar gases para a atmosfera.
Gonçalo Rocha disse que a situação foi provocada pelo incêndio de 15 de Outubro que destruiu mais de 60% da área do concelho e que o problema tem de ter uma solução rápida.
A Lusa aguarda da APA a resposta a um pedido de esclarecimento sobre a matéria hoje reportada pelo autarca de Castelo de Paiva.
Em declarações à Lusa, um antigo funcionário das Minas do Pejão, em Castelo de Paiva, sublinhou nesta quarta-feira que a combustão provoca gases tóxicos.
António Pinto, que mora na localidade de Pedorido, onde laboravam as minas, disse que a situação é "muito preocupante", porque a combustão dos resíduos de carvão provoca gases, visíveis a olho nu, com substâncias que "podem ser nocivas para a saúde pública", ao nível das doenças respiratórias.
O ex-trabalhador da exploração mineira reforçou a preocupação com a proximidade de um lar de idosos, onde já se sentem os cheiros resultantes da combustão, defendendo, por isso, a título de prevenção, a evacuação do equipamento.
Em 1994, quando foi encerrada a mina, as entulheiras foram cobertas com aterro, por imposição da União Europeia, contou.
A combustão dos resíduos, que diz ser subterrânea, está a acontecer nas entulheiras das minas, onde estão depositadas muitas toneladas de resíduos, e foi activada pelo incêndio de 15 de Outubro, através das raízes das árvores que foram consumidas pelas chamas.
Quanto mais tempo se demorar a extinguir a combustão, mais ela evoluirá para camadas profundas, tornando mais difícil eliminá-la, alertou.
A situação foi também confirmada à Lusa por José Luís Pinto, outro residente na localidade.
O presidente da Câmara disse que a autarquia está a acompanhar a situação e que os bombeiros do concelho foram recentemente mobilizados para tentar eliminar os focos de combustão, pelos meios tradicionais, o que não conseguiram.
O autarca anotou que se aguarda no concelho a presença de técnicos da Empresa de Desenvolvimento Mineiro para que possam estudar a melhor solução para o problema.
O responsável da protecção civil distrital também já foi informado da situação e esteve no local. Questionado sobre os riscos para a saúde pública, o autarca disse ter indicação de que não haverá razões para preocupação, frisando que as zonas de combustão estão afastadas da população. A situação concreta do lar de idosos, próximo de uma das entulheiras, poderá suscitar mais preocupação, anotou.
Para o autarca, impõe-se uma solução técnica rápida e eficaz para o problema que está a acontecer em Pedorido.
Por seu turno, o presidente da Junta de Pedorido, Joaquim Martins, admitiu alguma preocupação com a situação, mas disse que o problema tem de ser resolvido o mais rapidamente possível pelas entidades competentes, porque o caso se arrasta há vários meses.
O autarca disse esperar que a protecção civil e o Ministério do Ambiente tomem medidas.
"As pessoas andam preocupadas também por causa do cheiro intenso a enxofre que se sente", anotou, enquanto afirmava desconhecer se os gases poderão ser prejudiciais para a saúde pública.
O autarca de Pedorido disse que as casas mais próximas do depósito de resíduos que suscita maior preocupação, num antigo campo de futebol da freguesia, se situam a cerca de 300 metros.