Obra a editar em Março mostra faceta de repórter e cronista do poeta Herberto Helder

Em Minúsculas, que reúne crónicas e reportagens realizadas pelo poeta que morreu em 2015, vai ser editado pela Porto Editora.

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PEDRO CUNHA / PUBLICO

Uma faceta menos conhecida de Herberto Helder, a de repórter em Angola, no semanário Notícia, motiva a obra Em Minúsculas, que reúne crónicas e reportagens realizadas pelo poeta, a editar em Março, divulgou esta quarta-feira a Porto Editora (PE).

Este livro resulta da investigação, transcrição, revisão e selecção de textos por Daniel Oliveira, filho do escritor, Diana Pimentel e Raquel Gonçalves, e reúne o trabalho jornalístico de Herberto Helder (1930-2015), realizado em Angola entre Abril de 1971 e Junho de 1972, que assinou como Herberto Helder e Luís Bernardo.

Entre as novidades apresentadas esta quarta-feira pelo grupo editorial, em Lisboa, o editor Manuel Alberto Valente destacou igualmente a novela gráfica O Velho e o Mar, de Thierry Murat, a partir do romance homónimo de Ernest Hemingway, que faz parte de um projecto da editora iniciado no ano passado, com O Diário de Anne Frank, de Ali Folman e David Polonsky.

Neste semestre chega aos escaparates a reedição de Goa ou o Guardião da Aurora, de Richard Zimler, um romance ambientado na cidade de Goa, em finais do século XVI, Gungunhana, de Ungulani Ba Ka Khosa, sobre o último imperador de Gaza, região moçambicana em torno da actual capital, Maputo.

Esta obra reúne Ualalapi, em que aborda a partida do líder moçambicano, que foi detido pelas tropas portugueses capitaneadas por Mouzinho de Albuquerque, em 1895, e que foi trazido para Portugal, e As Mulheres do Imperador, volume com o qual o escritor fecha a saga de Gungunhana, em que relata o regresso das mulheres do imperador, que lhe sobreviveram, a Moçambique, em 1911.

Nó Cego, que deu a conhecer Carlos Vale Ferraz, pseudónimo literário do militar Carlos de Matos Gomes, um dos primeiros romances publicados após a Guerra Colonial, com a acção centrada durante o conflito, é reeditado em maio, com uma profunda revisão pelo autor.

Na área da poesia, pela Assírio & Alvim, uma das chancelas da PE, vai regressar, em Fevereiro, de Eugénio de Andrade, Rente ao Dizer, com prefácio de Frederico Bertolazzi, e, em Junho, À Sombra da Memória, um livro de prosa publicado pela primeira vez em 1939.

Estes dois títulos são editados no âmbito do projecto de edição da Obra Completa de Eugénio de Andrade, distinguido em 2001 com o Prémio Camões.

Em Fevereiro sairá o volume de Poemas da Antologia Grega, também conhecido como Antologia Palatina, que reúne poemas, e sobretudo epigramas, escritos entre o século VII antes de Cristo e o século IV, antes de Cristo, numa versão do poeta José Alberto Oliveira.

Esta chancela conta editar em Junho o Livro de Horas II, de Maria Gabriela Llansol, e, em Março, Poemas escolhidos, estreia em Portugal do poeta, editor e tradutor norte-americano Ron Padgett, numa tradução de Rosalina Marshall, que "trabalhou em diálogo com o autor", disse o editor Vasco David.

Ron Padgett, poeta, editor, tradutor, expoente da chamada Escola de Nova Iorque, que acompanhou autores como Jack Kerouac, Allen Ginsberg, entre outros da geração Beat, é o autor dos poemas de Paterson, de Jim Jarmush, e esteve em Portugal em Novembro de 2016, para a ante-estreia do filme, no Lisbon & Estoril Film Festival.

Também em Março são publicados Poemas escolhidos, do inglês William Wordsworth (1770-1850), numa edição bilingue, com tradução para português de Daniel Jonas.

De Henry Miller, a Livros do Brasil, uma das chancelas do grupo PE, vai reeditar a trilogia Rosa-Crucificação, que inicia em Fevereiro com o romance de base autobiográfica Sexus, originalmente editado em 1949, em França, e cuja primeira edição em Portugal data de 1975.

São José de Sousa, da Livros do Brasil, afirmou que a trilogia estava esgotada em Portugal. A edição de Sexus conta com um prefácio do crítico literário, escritor e tradutor João Palma-Ferreira (1931-1989), que foi director da Biblioteca Nacional.

Outro romance de base autobiográfica que vai ser reeditado por esta chancela é Não Matem o Bebé, do nipónico Kenzaburö Õe, que recebeu o Nobel da Literatura, em 1994. Este romance foi editado pela primeira vez em 1964 e chegou a Portugal na década de 1970.

Por esta chancela, de um outro distinguido com um Nobel, em 1957, Albert Camus, sai em Junho O Primeiro Homem, romance autobiográfico que só foi publicado pela primeira vez em 1994, trinta anos depois de ter sido escrito.

Em Maio, a Livros do Brasil edita A Harpa de Ervas, terceiro romance de Truman Capote, que teve a tradução, edição portuguesa assinada por Cabral do Nascimento, publicada há 60 anos, pela editorial Estúdios Cor.

Em Junho, é publicada A Tragédia da Rua das Flores, de Eça de Queirós, que recupera e corrige o texto da primeira edição do romance, com fixação e notas dos investigadores A. Campos de Matos e João Medina.

Notícia corrigida às 11h05: Camus não recusou o Nobel da literatura.