A Antena 1 dá a volta pelo passado do Festival da Canção
A partir desta segunda-feira, a estação emite, às 10h50 e às 16h35, Festival em 5 Minutos, um programa diário de Nuno Galopim. Uma contagem decrescente para a Eurovisão.
As histórias do Festival da Canção e da Eurovisão vão ser o foco de Festival em 5 Minutos, um programa diário da Antena 1 que, de segunda a sexta, primeiro às 10h50 e depois com repetição às 16h35, vai contar o que está por detrás de canções (não necessariamente as vencedoras) que passaram por esses concursos. Primeiro, e até 4 de Março, data da final da edição deste ano, recordam-se as histórias do Festival RTP da Canção, que começou em 1964, e, nos episódios seguintes, o Festival Eurovisão da Canção, que se realiza desde 1956.
A apresentação é de Nuno Galopim, que, a par de Henrique Amaro, foi consultor e um dos arquitectos da última edição do Festival da Canção, e é alguém que vive esse acontecimento ao máximo. "Pela idade que tenho, aprendo a ouvir música em grande parte com as experiências do Festival da Canção e da Eurovisão. Os meus pais ouviam mais música clássica do que popular ou ligeira, tirando alguns exemplos da canção francesa e portuguesa", diz ao PÚBLICO o jornalista e crítico musical que nasceu em 1967. Havia duas datas por ano que funcionavam como "uma janela" para esse mundo: os festivais. Sabe, portanto, de cor vários pormenores de anos e anos de Festival da Canção, e confessa que não falhou uma única edição. "Falhei algumas em directo, mas acabava por ver as gravações", sublinha. Até quando não eram os melhores tempos para Portugal, conta, "olhava e dizia: 'mas porquê?'".
A ideia de cada episódio é contar "histórias de canções", mas, afirma, "mais do que falar só da construção de uma canção em si", estas histórias "evocam ou quem as cantou ou o ano em que apareceram e situações a elas associadas". "Para cada uma das canções, há sempre referência a uma outra", antecipa. Apesar de ter passado a vida a ver os dois festivais, Galopim assegura que as histórias "não são de memórias pessoais, nem vivenciais", mas sim "abordagens históricas, quase jornalísticas". Resumindo: "um texto falado, que não é bem um texto porque não é escrito, uma canção escutada na íntegra e o cheirinho de uma outra".
Apesar de se recusar, para manter a surpresa, a dizer por que canção começará o programa, o apresentador adianta um exemplo: "Se eu falar de Ele e ela, de Madalena Iglésias, conto quem ela é e em que ano surge, digo que é o primeiro arranjo numa canção portuguesa que depois foi à Eurovisão a traduzir a modernidade pop da altura, e talvez faça sentido lembrar que os Mler Ife Dada voltaram a ela em 1986". Sobre a ordem escolhida, revela não ser cronológica, sendo a ideia a "dispersão por décadas e géneros musicais, para que todos os dias haja qualquer coisa diferente".
A viragem de 2017
Nos dias 26 de 27 de Dezembro, a RTP1 passou um documentário do qual Galopim foi, com Miguel Pimenta, co-autor: Sem Fazer Planos do Que Virá Depois, sobre a edição do ano passado do festival, que teve o envolvimento do jornalista e operou uma reformulação total do modelo. O programa que esta segunda-feira estreia na Antena 1 é totalmente diferente, garante o autor, concedendo ser "natural que nalguns destes programas conte histórias que passaram pelo festival de 2017".
2018 será "o segundo episódio" desse novo fôlego do festival. "As coisas felizmente mudaram em 2017", explica, acrescentando que a edição deste ano será feita "com a memória de uma boa edição, ainda por cima com o extra que houve, que foi o processo de Kiev, que nos deu uma [canção] vencedora da Eurovisão, algo que nunca tinha acontecido", e que isso dá "confiança aos compositores" desta leva. Em 2018 há 26 convidados, que vão de Capicua a Aline Frazão, passando por José Cid, Isaura, Jorge Palma, Mallu Magalhães, Paulo Flores ou Tito Paris. Os intérpretes ainda não são conhecidos, mas Galopim promete que haverá "novidades para breve".