Mãe de uma menina de três anos com doença rara eleita para a direcção da Raríssimas
Perante os cerca de 30 associados reunidos no salão dos Bombeiros Voluntários da Moita, Sónia Laygue apresentou-se como “dedicada de corpo e alma”.
Chama-se Sónia Margarida Laygue, é mãe de uma menina de três anos com uma doença rara e é a nova presidente da direcção da Raríssimas. “Temos uma vontade gigante” de ultrapassar as dificuldades, disse esta socióloga do trabalho aos jornalistas, após a eleição nesta quarta-feira à hora de almoço.
Laygue diz que nem todos na sua lista terão a formação jurídica necessária, mas que estão motivados para trabalhar para que a Raríssimas continue a existir “e a ajudar as famílias que precisam".
"Podemos não ter toda a formação técnica e jurídica mas temos uma vontade gigante e acredito que vamos conseguir", sublinhou. "Quando não tivermos as respostas iremos à procura das respostas e de alguém que nos ajude a ultrapassar as dificuldades."
Esta nova direcção vai substituir a que era liderada por Paula Brito da Costa, que se demitiu da presidência da Raríssimas após uma reportagem da TVI em que se levantavam suspeitas sobre a sua gestão.
Sónia Margarida Laygue assumiu não ter nenhuma experiência associativa, mas comprometeu-se a usar a experiência que tem na área dos recursos humanos e na participação em projectos internacionais ligados à diversidade e inclusão. Para vice-presidente foi proposta Mafalda Costa, também mãe de um utente, Rui Pedro Ramos para tesoureiro, actualmente fisioterapeuta na Raríssimas, e para secretário António Veiga, psicólogo na Casa dos Marcos.
Na lista estão ainda Fernando Alves, reformado e pai de uma criança com doença rara, e Rosália Santos, que ficará como vogal suplente.
A assembleia-geral, que decorreu no salão dos Bombeiros Voluntários da Moita e à qual compareceram cerca de 30 pessoas, menos de 5% dos 566 associados activos da Raríssimas, elegeu ainda, por voto secreto, a nova presidente do Conselho Fiscal, Ana Paula Soares, que é directora de recursos humanos e mãe de um menino com doença rara.
Os novos corpos sociais tomarão posse na próxima sexta-feira às 10h00 na Casa dos Marcos.
Paula Brito da Costa foi constituída arguida no âmbito da operação Raríssimas desenvolvida pela Polícia Judiciária e Ministério Público. A operação está a ser conduzida pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa. A ex-dirigente da associação está indiciada dos crimes de recebimento indevido de vantagem, peculato (desvio de bens ou fundos públicos) e falsificação de documento.
Há também uma auditoria dos inspectores do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social em curso que o ministro José Vieira da Silva disse que iria avaliar todas as dimensões da instituição, retirando “todas as ilações necessárias”.
"Não vai ser simples, vai demorar tempo e vai ser uma luta, mas estamos cá para ela", afirmou aos jornalistas Sónia Margarida Laygue, que quer as contas da instituição auditadas e reunir-se com o Governo para a tutela contribuir para solucionar os problemas da Raríssimas.
Quanto a Paula Brito da Costa, e aos ex-membros da direcção em investigação por suspeitas de irregularidades na gestão, defende que não devem voltar, pelo menos até haver conclusões. "Não seria moral e eticamente aceitável" que voltassem a cargos na instituição.
Notícia corrigida: na versão inicial desta notícia o nome de Sónia Laygue estava escrito de forma incorrecta.