Maduro aumenta salário mínimo em 40% num cenário de crescente inflação
O salário aumenta, mas a desvalorização da moeda venezuelana e a crescente inflação têm arrastado milhões de pessoas para a pobreza.
O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou um aumento de 40% do salário mínimo a partir de Janeiro, numa jogada que irá contribuir para aquilo que muitos analistas e economistas consideram ser já um cenário de hiperinflação neste país atingido pela crise.
No seu discurso de ano novo, Maduro afirmou que o novo valor do salário mínimo irá proteger os trabalhadores daquilo a que chamou a “guerra económica” do Governo de Washington com o intuito de "sabotar" o socialismo. “Boas notícias”, disse o antigo motorista de autocarro e dirigente sindical, discursando ao lado de uma bandeira venezuelana, numa mensagem dirigida à nação feita por volta do meio-dia deste domingo.
Vários economistas acreditam que o Governo venezuelano está a fomentar um círculo vicioso num país que luta já contra a inflação mais rápida a nível mundial. Para combater o aumento dos preços, o Presidente venezuelano tem aumentado o salário mínimo — mas a crescente inflação e a desvalorização da moeda bolívar têm arrastado milhões de venezuelanos para a pobreza.
Os venezuelanos passarão agora a ganhar 797.510 bolívares por mês (o equivalente a cerca de 65 euros), mas milhões continuarão o a não conseguir pagar mais de três refeições por dia, e o aumento poderá fazer com que os preços aumentem ainda mais. Os preços subiram mais de 1300% entre Janeiro e Novembro, segundo números divulgados pelo Congresso do país, liderado pela oposição, que estimou ainda que a subida de preços poderá atingir os 2000% no próximo ano. O Governo venezuelano deixou de publicar dados sobre a inflação de forma regular.
Os políticos da oposição dizem que a recusa de Maduro em reduzir a impressão excessiva de dinheiro e em fazer reformas ao modelo económico só criará mais miséria no ano de 2018.
Mesmo assim, Maduro passou grande parte do tempo dedicado à sua mensagem de ano novo a culpar outros pelos infortúnios que o país atravessa, referindo que os meios de comunicação nacionais e estrangeiros estão a divulgar “propaganda negativa”, enquanto o seu país enfrenta “ataques” à sua moeda e tentativas de “sabotar” a indústria petrolífera da Venezuela.