Celtejo desafia quem tem vindo "a caluniar" a empresa a apresentar provas com "rigor científico"

A proTEJO e a Assembleia Municipal de Mação apoiam Arlindo Marques a quem a Celtejo acusa de calúnia.

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Ricardo Lopes

A Celtejo desafiou nesta sexta-feira aqueles que "têm vindo a caluniar" a empresa a demonstrarem "com rigor científico" as análises que provam essas mesmas calúnias, depois de ter instaurado um processo ao ambientalista Arlindo Marques.

"A Celtejo gostaria de desafiar todos aqueles que têm vindo a caluniar a empresa a demonstrarem com rigor científico as análises nas quais consubstanciam essas mesmas calúnias", pode ler-se no comunicado da empresa, publicado na sua página oficial do Facebook.

Tal como foi noticiado na quinta-feira, a Celtejo — Empresa Celulose do Tejo, SA, instalada em Vila Velha de Rodão, Castelo Branco, instaurou a Arlindo Marques, guarda prisional de profissão e conhecido no distrito de Santarém como o "guardião do Tejo", um processo por aquele associar os episódios de poluição no Tejo à empresa. Reclama o pagamento de 250 mil euros por danos atentatórios do seu bom nome.

Em causa estão, segundo o processo, a que Lusa teve acesso, "afirmações que têm por objectivo gerar na opinião pública a ideia de que a autora [do processo] é responsável, ou co-responsável, pela alegada poluição do rio Tejo".

A agência Lusa questionou na quinta-feira a empresa sobre este processo, tendo a Celtejo remetido para o comunicado publicado na página do Facebook, no qual sublinha ser uma empresa com mais de 50 anos de história que sempre teve no "seu espirito a adopção das mais modernas tecnologias e o respeito pela segurança do ambiente".

A empresa diz que recentemente "tem sido regularmente acusada na praça pública por parte de determinados intervenientes, não obstante cumprir os elevados padrões a que está sujeita, quer pela regulação europeia, quer pela regulação nacional, de ser a principal fonte da poluição no Tejo".

A Celtejo refere também que, apesar das acusações, sem nunca mencionar nomes, nunca agiu contra quem "sistematicamente produz informações e declarações falsas, sem qualquer rigor científico".

"A defesa do Tejo não pode ser feita em cima de calúnias e de populismos fáceis, mas com rigor, escrutinando as fontes poluidoras ao longo do curso do rio e actuando sobre as mesmas de modo a lhes por cobro", segundo o documento.

Desta forma, a empresa avança que "pela sua relevância económica e social, pelas dezenas de milhões de investimentos que está a realizar, não está disposta a ser caluniada impunemente e agirá, pelos meios que um Estado de Direito lhe confere, contra todos aqueles que o façam".

Contactado pela Lusa, o ambientalista disse estar "triste e indignado com este processo", tendo afirmado que o mesmo "pretende silenciar vozes incómodas num caso de autêntico terrorismo psicológico".

Os primeiros apoios a Arlindo Marques chegaram através do porta-voz do Movimento pelo Tejo — proTEJO, tendo Paulo Constantino afirmado que o ambientalista "tem sido a voz e os olhos das populações ribeirinhas" e que a acusação "não tem sentido, sendo antes uma oportunidade para saber quem é quem na poluição do Tejo".

Também a Assembleia Municipal de Mação, município do distrito de Santarém, já se pronunciou sobre este processo, tendo aprovado por unanimidade uma moção na quarta-feira, denominada "Arlindo Marques actuou como porta-voz de Mação", e que visa apoiar financeiramente a defesa judicial do ambientalista.