Acordo de unidade palestiniano está a desfazer-se, diz chefe do Hamas em Gaza
O desarmamento do grupo está na origem da divergência com a Fatah.
O líder do grupo palestiniano Hamas na Faixa de Gaza disse que o acordo de reconciliação com a facção do presidente Mahmoud Abbas, a Fatah, firmado há dez semanas, está a desfazer-se.
Os grupos rivais assinaram um acordo mediado pelo Cairo no dia 12 de Outubro, depois de o Hamas ter concordado em entregar a administração da Faixa de Gaza, incluindo as fronteiras com o Egipto e Israel, uma década após ter assumido o controlo do enclave na sequência de uma guerra civil.
O acordo criou uma ponte sobre um diferendo que se pensava intransponível entre a Fatah de Abbas, apoiada pelo Ocidente, e o movimento islamista, que os Estados Unidos, a União Europeia e Israel classificaram como terrorista.
Mas os diferendos sobre a aplicação do acordo persistem.
Yehya Al-Sinwar, o chefe do Hamas em Gaza e um dos arquitectos do acordo de unidade, disse esta quinta-feira que o pacto pode ter o mesmo destino que outras reconciliações da última década.
“O projecto de reconciliação está a desfazer-se”, disse. “Só um cego não o vê”, sublinhou Al-Sinwar nas declarações publicadas nos media pró-Hamas.
Uma das divergências mais recentes teve lugar já em Dezembro, quando o Hamas – segundo a Fatah – falhou o prazo para entregar Gaza ao governo de Abbas sediado na Cisjordânia. O Hamas responde dizendo que cedeu todo o controlo administrativo em Gaza.
Rami Al-Hamdallah, o primeiro-ministro, disse que o Hamas não transferiu as verbas, como ficara estabelecido; o Hamas responde que o governo de Hamdallah não pagou os salários de Gaza, como combinado.
Responsáveis da Fatah não quiseram comentar as declarações de Yehya Al-Sinwar.
“A reconciliação está a desfazer-se porque algumas pessoas querem que ela inclua a entrega das armas e o fecho dos túneis”, disse Al-Sinwar sem entrar em pormenores, mas numa aparente referência ao Hamas.
Israel e os Estados Unidos querem que o pacto inclua o desarmamento do Hamas, mas o Hamas rejeitou a exigência.