Fiscalidade, território e educação. Seis medidas radicais para mudar o interior do país

Autarcas, empresários e académicos juntaram-se em movimento pelo interior. Jorge Coelho, Miguel Cadilhe e Pedro Lourtie prometem seis medidas “radicais”.

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Miguel Cadilhe afirma que Portugal precisa de uma coragem política acima daquilo que tem sido a prática para aceitar mudanças que levem a uma discriminação a favor do interior. O ex-ministro das Finanças passou a integrar o Movimento pelo Interior e vai coordenar o eixo para as políticas fiscais. Jorge Coelho, ex-ministro das Obras Pública, ficará responsável pela área do território e Pedro Lourtie, professor, ex-secretário de Estado do Ensino Superior, pela Educação. Em Junho de 2018 vão ser apresentadas seis medidas “radicais” para mudar o interior, anunciou o movimento, nesta quarta-feira, em Viseu. É constituído por autarcas, empresários e académicos.

“Historicamente o país parte muito atrasado e é de tal modo que pode prejudicar o acolhimento das medidas. Isto parece contraditório mas não é. Este atraso requer agora um doseamento e exige uma coragem política muito acima daquilo que tem sido a prática entre nós”, frisou o ex-ministro das Finanças.

Responsável pelo eixo das políticas fiscais neste movimento que nasce da sociedade civil, Miguel Cadilhe admitiu ser muito difícil avançar com propostas nesta área porque “quem decide vive no centro, em Lisboa”.

“Há razões de ordem jurídica e operacionais mas, acima de tudo, a coragem política é algo que tem faltado e há muitos anos que é assim”, sustentou.

Para o ex-ministro, o interior “precisa de causas, factores e meios de desenvolvimento que discriminem a favor muito mais do que tem acontecido”.

Já Jorge Coelho, responsável pelas políticas do território, diz que fazem falta “medidas radicais”. “Vamos encontrar propostas que demonstrem que é possível dar uma volta forte. O país já gastou muito dinheiro em infraestruturas que agora lhe permite dar este salto”, disse o ex-ministro das Obras Públicas.

O agora empresário pediu para que haja “coragem”, a mesma com que o movimento avançou, para que “quem tem de decidir" o faça "de uma vez por todas”.

O caderno com as seis medidas vai ser apresentado em Junho ao Governo e ao Presidente da República.

Seis meses de conferências

As propostas vão sair das conferências que vão decorrer durante os próximos seis meses pelo país com arranque em Bragança.

“Agora, vamos passar do discurso à prática e depois competirá a todo o espectro político assumir que estas medidas serão suficientemente fortes para alterar o quadro actual. Chega de apenas e só de bons discursos em prol do Interior, agora é hora de agir”, sustentou Álvaro Amaro, presidente da Câmara da Guarda e porta-voz do movimento.

“Ao fim destes seis meses, o movimento extingue-se”, afirmou, esperando que o pacote de medidas tenha cabimento no Orçamento de Estado de 2019 e altere o quadro legislativo nos próximos 12 anos.

O Movimento pelo Interior nasceu no início de Novembro e inclui os presidentes das câmaras da Guarda e de Vila Real, os presidentes dos conselhos de reitores das universidades e dos politécnicos, António Fontaínhas Fernandes (da UTAD) e Nuno Mangas (IP Leiria), os empresários Fernando Nunes (Visabeira) e Rui Nabeiro (Delta), e José Silva Peneda (ex-presidente do Conselho Económico e Social).

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