Governo e PT tentam virar de página em Pedrogão

Depois das duras críticas do primeiro-ministro à actuação da PT a seguir aos incêndios de Pedrogão, executivo e operadora da Altice parecem ter inaugurado uma nova fase nas suas relações

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Pedro Marques preside à assinatura de contrato entre a Infraestruturas de Portugal e a Altice/PT para a instalação de fibra ótica LUSA/ANTÓNIO JOSÉ

A Infra-estruturas de Portugal (IP) e a PT/Altice assinaram esta quinta-feira um protocolo que permitirá à empresa de telecomunicações enterrar pelo menos 265 quilómetros de cabos nas condutas viárias da empresa pública na zona centro do país até 2019. 

Na cerimónia de assinatura do contrato, o ministro das Infraestruturas e do Planeamento, Pedro Marques, destacou a importância do investimento da PT/Altice para o reforço da resiliência das redes de comunicações na zona do Pinhal Interior. 

Pedro Marques destacou que a PT/Altice foi a operadora que “disse presente desde o primeiro momento” e a “primeira a chegar ao ponto de assinar” o protocolo, mas disse esperar que as outras sigam o exemplo. 

À margem da cerimónia em que também participaram o ministro adjunto Pedro Siza e o secretário de Estado das infraestruturas Guilherme W. de Oliveira Martins, o PÚBLICO questionou Alexandre Fonseca, CEO da operadora, sobre se este protocolo representa um virar de página nas relações entre a empresa e o Governo, tendo em conta as críticas violentas do primeiro-ministro imediatamente a seguir aos fogos de Junho. 

“O protocolo é um sinal claro das relações que queremos ter com o Governo daqui para a frente”, disse o presidente do grupo Altice, frisando que a PT quer ser “um pilar do desenvolvimento sócio-económico do país”. 

Apesar deste não ser o único trabalho necessário - “outras redundâncias têm de ser estabelecidas ao nível das redes de emergência e de comunicações” de uma forma geral no país, disse Pedro Marques - o enterramento dos 265 km de cabo que até à data têm estado instalados em postes de madeira na zona do Pinhal Interior “permitirá chegar ao Verão com redes mais resilientes” nas zonas afectadas pelos fogos. 

Segundo o ministro, ao abrigo do protocolo, nos primeiros três anos a seguir à conclusão do investimento, “não será paga a taxa de utilização do canal rodoviário” da IP. Além disso, nos cinco anos seguintes, a PT poderá contar com uma redução de 30% do valor desta taxa. 

Além das zonas mais afectadas pelos incêndios, que são prioritárias, a empresa está já a estudar outras localizações como o Algarve, o Alto Alentejo, o Douro e a Beira Alta, adiantou o gestor.

Ainda assim, segundo o presidente da PT, a porção de rede que pode ficar enterrada no conjunto das infraestruturas subterrâneas do país representará sempre uma percentagem mínima face a uma extensão total de cerca de 70 mil quilómetros da rede PT/Altice. “Estamos a falar de cerca de 5% a 7% da rede”, disse Alexandre Fonseca que, numa conferência de imprensa este Verão.

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