Quarenta anos depois, mulher argentina que foi raptada em bebé reencontra familiares

Os pais pertenciam a um grupo de activistas de esquerda e acabaram presos. Adriana foi raptada em 1977, vítima da ditadura militar no período da Guerra Suja.

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Adriana é a 126º neta a ser encontrada através da organização Abuelas de Plaza de Mayo Reuters/BERNARDINO AVILA

As Avós da Praça de Maio (Abuelas de Plaza de Mayo, no original em castelhano) voltaram a reunir uma família na Argentina. Passados 40 anos, Adriana reencontrou os seus familiares depois de ter descoberto que tinha sido raptada durante a ditadura militar, em 1977. Das 500 crianças que as Abuelas crêem estar desaparecidas, Adriana é a 126.º neta a ser encontrada, anunciaram esta segunda-feira. 

As Abuelas de Plaza de Mayo são uma organização não-governamental (ONG) argentina que há décadas tenta localizar crianças que foram separadas dos pais durante a ditadura militar, entre 1976 e 1983. Adriana pediu ajuda a esta ONG depois de descobrir que o casal que a criou, que entretanto morreu, não eram os seus pais biológicos. "Eu descobri num sábado e na segunda-feira já tinha procurado as Avós”. “Eu queria saber se era filha das pessoas que desapareceram, mais do que qualquer coisa por causa da minha data de nascimento", disse Adriana, citada pela BCC.

Depois de quatro meses à espera que os testes de ADN correspondessem a alguém na base de dados, Adriana começou a achar que tinha sido abandonada. “Eu comecei a pensar que tinha sido abandonada, dada, vendida, que ninguém me queria”, disse a argentina, que não quis revelar o seu sobrenome.

Mas a espera valeu a pena. Era filha de Violeta Ortolani e Edgardo Garnier, que foram presos pelos militares em Dezembro de 1976, na cidade de La Plata. A mãe, com 23 anos na altura, estava grávida de oito meses quando foi detida. Adriana acabou por nascer em cativeiro em Janeiro de 1977. Os pais, ambos estudantes de engenharia e membros de um grupo de estudantes activistas de esquerda, fazem parte das 30 mil pessoas desaparecidas durante a Guerra Suja. Nunca mais foram vistos. No entanto, Adriana pôde conhecer a avó paterna, que nunca desistiu de a procurar.

A mulher que passou 40 anos da sua vida sem conhecer a sua origem familiar e separada dos seus mostrou-se feliz por esta nova fase da sua vida. “Eu tenho uma avó, não posso acreditar, ela é um génio, eu amo-a”. "Completou-me a minha vida", disse a argentina, segundo o jornal Clarín, na conferência de imprensa em que deu a conhecer a sua história. 

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