Corbyn em Lisboa: Precisamos de "uma aliança contra a austeridade”
Líder dos trabalhistas britânicos está em Lisboa e repetiu a ideia de que, se fosse ele a negociar o Brexit, o faria garantindo regras de “comércio livre”.
Jeremy Corbyn esteve em Lisboa para a Cimeira do Partido Socialista Europeu (PES), trazia uma mensagem na bagagem e dela não se desviou. Em conversa com os jornalistas elogiou o Governo de António Costa e disse por duas vezes que quer mostrar que existe uma “aliança contra a austeridade” na Europa.
Temos de garantir que existe "uma aliança contra a austeridade para garantir que a próxima geração não é tão pobre quanto a actual” disse Corbyn depois de uma longa reunião bilateral com o primeiro-ministro durante a cimeira do PES.
“Tive uma boa conversa com António Costa sobre a sua política de desafiar a austeridade e da sua aliança interna com partidos de esquerda de modo a sustentar o Governo”, referiu numa conversa com os jornalistas portugueses em que explicou algumas das posições do Partido Trabalhista britânico em relação ao Brexit. “Não tomámos nenhuma decisão sobre um segundo referendo. O que dissemos é que íamos respeitar os resultados do primeiro referendo e negociar as relações com a União Europeia na base do comércio livre e da importação de regulamentações europeias para a lei britânica. Não estamos comprometidos com um segundo referendo”, insistiu.
Em relação a medidas concretas, Corbyn afirmou estar próximo dos socialistas europeus em alguns aspectos, nomeadamente nos impostos a pagar na Europa. “Não queremos tornar o Reino Unido numa praça offshore”, garantiu.
“Se formos governo, iremos legislar imediatamente para garantir a residência a todos os cidadãos nacionais da UE que vivem e trabalham no Reino Unido, bem como para garantir a reunião de famílias no país. Também legislaremos em defesa dos direitos ambientais, dos consumidores e dos trabalhadores, em linha com os da UE. Queremos que, em breve, seja garantida uma relação livre de impostos com a Europa”, sustentou.
Ao longo de quase dez minutos, o líder trabalhista britânico disse aos jornalistas ter sublinhado a António Costa que o Reino Unido, apesar de respeitar os resultados do referendo do Brexit, não pode abandonar a Europa, destino das principais exportações da indústria britânica.
“Queremos uma boa relação com a UE no futuro, importar a legislação europeia para o Reino Unido e trabalhar em conjunto. Temos uma grande dependência da indústria – motorizada, automóvel, aérea, espacial – cuja ligação à Europa é sabida. (…) Queremos manter essa relação”, insistiu, continuando o desfile de promessas.
“Defendemos um forte investimento no Reino Unido, para acabar a austeridade, aumentar os impostos às grandes empresas e aos mais ricos, para investir em áreas vitais, como a habitação, saúde e educação. No nosso modelo económico, seremos intervencionistas na economia, fazendo regressar ao setor público os correios, os transportes ferroviários e a água”, acrescentou.