BE quer intervenção do Governo em bairro onde 35 famílias serão despejadas para dar lugar a alojamento local

O bairro situado na escarpa dos Guindais, no Porto, foi comprado no mês passado por uma empresa imobiliária que notificou os moradores na última semana. Está a ser criada uma comissão de moradores no sentido de reverter a situação. BE enviou documento ao Ministério do Ambiente para que a questão tome outro rumo.

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Paulo Pimenta
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São cerca de 35 famílias, aproximadamente 50 pessoas, do aglomerado residencial composto por 88 casas do Bairro da Tapada que estão em vias de ser despejadas pela empresa de investimento imobiliário Porto Baixa, que no início do mês passado comprou aquela área habitacional das Fontainhas, no Porto, para a converter em alojamento local. Um terreno contíguo terá sido comprado em Junho. Há uma semana, sem que os moradores esperassem, chegou pelo correio o aviso endereçado pela empresa: o terreno foi comprado e o futuro de quem lá vive é incerto.

Os primeiros a sair serão os que têm contratos com prazo. Assim que terminem, à medida que as casas forem ficando livres, disse a empresa na semana passada, transformam-se em alojamento local para turistas. Aos moradores mais antigos foi prometido que nada acontecerá de imediato.  

Nesta sexta-feira de manhã, José Soeiro e Maria Manuel Rola, deputados do Bloco de Esquerda à Assembleia da República, visitaram o bairro da escarpa dos Guindais, na Sé, para dar a conhecer aos moradores um documento que seguiu para o Ministério do Ambiente a 27 de Novembro, cujo conteúdo alerta e questiona o Governo relativamente ao futuro indefinido de quem lá mora.

Na redacção, assinada pelos dois deputados, é levantado um conjunto de questões relativo aos mecanismos e regulamentação previstos pelo governo para o alojamento local. Pergunta-se quais as medidas que serão tomadas para salvaguardar o bairro residencial da Tapada, questiona-se para a urgência da criação de “grupos técnicos locais” para o apoio da população residente em processos de “expulsão especulativa” e reclama-se medidas que evitem “situações de compra massiva de bairros” para alojamento local. Diz José Soeiro querer ver as mesmas questões respondidas pela câmara do Porto.

No bairro com vista desafogada para o rio Douro há quem lá viva há mais de 70 anos. Parte dos moradores, que dizem não ter sido avisados pela senhoria para as negociações que estavam a ser feitas com a empresa, investiram do próprio bolso para obras levadas a cabo nas casas. Uma moradora que, apesar de lá viver desde os três anos de idade, tem novo contrato prestes a terminar por ter mudado para outra casa do mesmo bairro diz ter investido aproximadamente 8 mil euros nos últimos dois anos. Será a sua família uma das primeiras a ter que abandonar o bairro.

Com rendas a rondar os 100 e os 200 euros, temem que ao serem despejados não tenham poder económico para arrendar outra casa. Grande parte dos residentes já está reformada ou aufere rendimentos baixos. Por enquanto, não querem pensar ainda nessa possibilidade, sendo que sair dali é uma hipótese que não põem em cima da mesa.

No sentido de que se reverta a situação está a ser criada uma comissão de moradores. Até que seja criada preferem não veicular nenhuma posição concreta. Só após reunião agendada para as 16h da próxima quarta-feira, no Círculo Católico Operário do Porto, onde será escolhido um porta-voz, será emitida uma posição conjunta.

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