Preços dos transportes públicos sobem acima da inflação em 2018

Subida em Janeiro vai ser de 2%, acima dos 1,4% previstos para a inflação no Orçamento do Estado.

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Governo diz que actualização prevista permite aos operadores “libertar recursos para o investimento” Enric vives-rubio

O preço dos transportes públicos no ano que vem vai voltar a subir acima da inflação, algo que acontece pelo segundo ano consecutivo. De acordo com declarações do secretário adjunto e do Ambiente, José Mendes, ao Jornal de Notícias, em Janeiro haverá uma subida de 2% do valor cobrado pelas empresas. Este aumento nas tarifas é superior em 0,6 pontos percentuais (p.p.) à previsão do Governo para a inflação no ano que vem, que deverá ser de 1,4%, inscrita no Orçamento do Estado.

Este ano, a inflação deverá ser de 1,2%, tendo o preço dos transportes públicos subido 1,5%, havendo assim um diferencial de 0,3 pontos percentuais. Em 2016, primeiro ano de governação completa do actual executivo, não houve quaisquer aumentos nos transportes públicos (tendo a inflação sido baixa, chegando apenas aos 0,6%).

Ao Jornal de Notícias (JN), José Mendes defendeu que a actualização prevista permite aos operadores “libertar recursos para o investimento”. Se começarmos a apertar muito a equação financeira das empresas a qualidade vai degradar-se”, acrescentou este responsável.

No pacote de operadores destacam-se várias empresas públicas, como é a CP, Metro de Lisboa, Carris (neste caso na esfera da Câmara de Lisboa), STCP e Transtejo. Depois, há vários privados no sector, como é o caso do grupo Barraqueiro.

Conforme recorda o JN, “desde que a tabela não ultrapasse a actualização máxima de 2%, poderá haver títulos com aumentos maiores do que outros”.

José Mendes defende, ao mesmo tempo, que o aumento pode ser compensado pela dedução do IVA do passe em sede de IRS, e que em 2018 também os passes 4_18 anos (para crianças e jovens desta idade) vão voltar a ter um desconto automático de 25%, conforme ficou previsto nas alterações ao Orçamento do Estado.

Mais passageiros

Na actual conjuntura, as empresas de transportes públicos estão a conseguir recuperar das perdas de passageiros que as atingiram nos anos mais agudos da crise, embora a ritmos diferentes.

No primeiro semestre deste ano, e conforme já avançou o PÚBLICO, só  a Carris sofreu ainda uma ligeira descida, de 0,8% em termos homólogos, chegando aos 61,9 milhões de viagens.

Do lado oposto ficaram a CP e a Metro de Lisboa, com crescimentos semestrais de 7,5% (para 60,2 milhões) e de 7,3% (81,3 milhões).

Ao todo, as empresas públicas que operam neste sector (CP, Metro de Lisboa, STCP, Metro do Porto e Transtejo, além da Carris, que desde Janeiro está na esfera da Câmara de Lisboa), registaram uma subida de 2,5% entre Janeiro e Junho deste ano, atingindo 536 milhões de viagens.

Ao englobar o grupo Barraqueiro, o maior operador privado ligado aos transportes públicos colectivos (dono de treze empresas rodoviárias com serviço público, e responsável pela Fertagus, concessionária da ligação ferroviária Lisboa-Setúbal pela ponte 25 de Abril), o crescimento chegou aos 2,2%, de 637 para 650,5 milhões de viagens.

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