Má entrada atrasou FC Porto sem soluções para um Benfica paciente

O clássico acabou sem golos, resultado que penaliza mais os portistas, que perdem a liderança isolada do campeonato.

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Lance do jogo FC Porto-Benfica LUSA/MANUEL ARAÚJO

Depois do empate na Vila das Aves, o FC Porto não conseguiu superar um Benfica que começou por surpreender, sem nunca manifestar uma atitude vencedora. O “dragão” acabou a cuspir fogo, mas não foi além de um empate a zero que serviu apenas para resgatar a liderança, agora em igualdade pontual com o Sporting.

Com ares de quem estava perfeitamente à vontade no gélido clima do Dragão, sem pressas nem precipitações, procurando desde o início "picar" o FC Porto com pequenas demoras – sinal evidente de que não precisava de arriscar tudo, optando por uma atitude de expectativa para ver se poderia tirar partido de algum erro contrário – o Benfica acabou por aproveitar os instantes iniciais para instalar-se no meio-campo portista, plantando a dúvida na mente do “dragão”.

O FC Porto não conseguia libertar-se e perdia autoridade com duas hesitações do estreante (em clássicos) José Sá, que ia transformando duas saídas a soco num par de murros no estômago do “dragão”. Mais elástico e ágil, o Benfica esticava ao máximo a posse no terreno do adversário, que só lograva romper os bloqueios de Pizzi, Krovinovic e Salvio com as arrancadas poderosas mas inconsequentes de Marega.

As duas equipas mais concretizadoras e rematadoras do campeonato estavam, contudo, muito distantes dos números apresentados pelas estatísticas e, com praticamente meia hora de jogo disputado, não havia sinal dos "bombardeiros". Varela não passava de mero espectador e José Sá aproveitava o tempo para reflectir sobre os dois erros que lançaram a equipa para uma crise de identidade que demorava a passar.

Jorge Sousa tentava gerir as emoções da melhor forma, mas depois de ter perdoado um amarelo a Felipe, logo nos minutos iniciais, por carga sobre Jonas, o árbitro recolheu aos balneários sob um coro de assobios justificados pela decisão de mandar seguir o jogo depois de Luisão ter interceptado a bola com o braço, o que suscitou dúvidas que o VAR não terá ajudado a dissipar.

Nessa altura, o Benfica era já claramente dominado pelos portistas, que intensificaram as visitas à área de Varela, com Aboubakar a juntar-se a Marega a Danilo e a Herrera.

O Benfica conseguia, apesar de não ter criado uma verdadeira situação de golo, levar o jogo para o campo que mais lhe convinha, surpreendendo o líder – pressionado pela vitória do Sporting, que colocava os “leões” provisoriamente na frente – ganhando assim uma boa meia parte.

Como o regresso das equipas não trouxe nada de novo no início da segunda parte, sempre com o FC Porto de olhos fixos no ataque e o Benfica a jogar xadrês com o relógio, Sérgio Conceição prescindiu dos equilíbrios pedidos a Sérgio Oliveira para apostar nas rupturas oferecidas por Otávio. O brasileiro entrou determinado e mostrou, imediatamente, que era possível estilhaçar o jogo da “águia”. Em dois tempos, Otávio colocava o Benfica em sentido, mas pecou num mergulho que lhe roubou ímpeto, levando Jorge Sousa a punir a simulação.

Aboubakar ainda marcou para o FC Porto, mas o lance foi invalidado antes de a bola entrar na baliza de Varela por fora-de-jogo do camaronês (que não estava).

Insatisfeito, o treinador portista apostava outro trunfo, lançando Soares para render o camaronês, enquanto Rui Vitória procurava apertar um pouco mais a malha de um Benfica definitivamente convencido de que o empate era um bom resultado nesta altura do campeonato. Mesmo assim, o Benfica trocava Cervi por Zivkovic, deixando algum espaço de manobra para tentar a sorte num ataque que pudesse apanhar o FC Porto desprevenido.

Esse revelou-se, contudo, um erro capital, já que Zivkovic acabaria por ser expulso, vendo um primeiro amarelo por anti-jogo e um segundo, pouco depois, por uma falta desnecessária, a meio-campo.

Perante este cenário, não restavam grandes ilusões a Rui Vitória, que ainda assim viu Krovinovic desperdiçar a grande ocasião das “águias” nas barbas de José Sá.

O jogo atingia o ponto de ebulição. Os bancos envolviam-se numa discussão estéril para o duelo da relva, que caminhava a passos largos para um desfecho em branco, exactamente como o Benfica planeara, apesar da fúria portista nos momentos finais, em busca do golo que a superioridade numérica aguçava. Mas Marega falhou de forma incompreensível o cabeceamento instantes antes de Jorge Sousa dar por terminada a discussão que acabou por beneficiar o Sporting.

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