Cristas não muda de opinião sobre Centeno e Verdes não vêem benefício para Portugal

Ministro "aprova orçamentos do Estado que são uma propaganda face aquilo que depois vem a ser executado", defende líder do CDS. Verdes esperam que candidatura "não represente qualquer espécie de maior submissão de Portugal à UE".

Assunção Cristas falou sobre a candidatura de Centeno
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Assunção Cristas falou sobre a candidatura de Centeno LUSA/Tiago Petinga
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Verdes não vêem benefício para Portugal LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, considerou esta quinta-feira que a opinião do partido sobre o ministro das Finanças "não muda" depois do anúncio de que será candidato à presidência do Eurogrupo, apontando críticas à sua atuação.

"Quando um português está num lugar relevante de decisão numa instituição europeia, numa instituição internacional, certamente, enquanto portuguesa, noto que é um aspecto positivo, aparentemente, para o país", começou por dizer a presidente do CDS-PP.

Instada a comentar o anúncio da candidatura do ministro à presidência do Eurogrupo, confirmada esta manhã pelo Governo, Assunção Cristas salientou que "não entende" que "o ministro das Finanças em Portugal tenha desenvolvido, ou esteja a desenvolver um trabalho efectivamente relevante do ponto de vista da transparência, do ponto de vista da forma como actua, daquilo que diz aos portugueses".

Falando à margem de uma visita à Polícia Municipal de Lisboa enquanto vereadora do município, Cristas apontou críticas ao governante, considerando que "aprova orçamentos do Estado que são uma propaganda face aquilo que depois vem a ser executado", ou "lança mão das cativações de forma absolutamente inédita" no país.

"As críticas que o CDS faz à actuação do ministro Mário Centeno não se transformam pelo facto de, de repente, ele ser um candidato ao Eurogrupo", vincou, acrescentando que a opinião dos centristas "não muda por causa disto".

"Certamente continuaremos a fiscalizar e a exigir do Governo mais acção, e sobretudo mais transparência na sua acção", destacou, observando que vê-se "um discurso da parte do Governo", que depois "não corresponde à realidade".

Reacção d' Os Verdes

Os dirigentes do Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV) não vêem a eventual eleição do ministro das Finanças português para presidente do Eurogrupo como "um benefício para Portugal, nem para a União Europeia (UE) em geral".

Em comunicado enviado à agência Lusa, o PEV afirma que a designação "para esse cargo não representa, por si, um benefício para Portugal em particular, nem para a União Europeia em geral".

"Não se vislumbra que Mário Centeno seja precursor das mudanças necessárias que se impõem na UE e na zona euro, designadamente com a defesa de eliminação de constrangimentos diversos, nomeadamente ao nível das políticas orçamentais, que dificultam a possibilidade das economias mais frágeis de desenvolverem e robustecerem" (...), numa lógica de verdadeira solidariedade", lê-se.

O texto dos ecologistas considera ser esperado que a candidatura de Mário Centeno "não represente qualquer espécie de maior submissão de Portugal à UE e de desvio em relação às medidas de devolução de rendimentos e de direitos aos portugueses".

O PEV é um dos três partidos, juntamente com BE e PCP, com os quais foram assumidas posições conjuntas com o PS, em Novembro de 2015, para viabilizar o atual Governo minoritário do PS dirigido por António Costa.

O Governo português apresentou hoje a candidatura de Mário Centeno à presidência do Eurogrupo em Bruxelas, juntando-se à ministra letã Reizniece-Ozola ("Verdes" ), ao eslovaco Peter Kazimir (também socialista), mas há ainda outras hipóteses: o igualmente socialista italiano Pier Carlo Padoan ou o luxemburguês Pierre Gramegna (PPE).

A eleição terá lugar na próxima reunião do Eurogrupo, que conta com 19 países-membros da moeda única continental, agendada para segunda-feira.

Mário Centeno, 50 anos, natural de Olhão, Algarve, é um ex-quadro do Banco de Portugal e ministro das Finanças desde 26 de Novembro de 2015.