Secretário de Estado classifica absentismo no SNS como “uma vergonha nacional e internacional”
Segundo Manuel Delgado, o serviço público de saúde é o que regista mais faltas ao trabalho. Portal da Saúde indica que de Janeiro a Outubro houve 2,97 milhões de dias de ausência.
Manuel Delgado, secretário de Estado da Saúde, classificou o nível de faltas ao trabalho no Serviço Nacional de Saúde (SNS) como uma "vergonha a nível nacional e internacional" e pediu o apoio da Ordem dos Médicos para uma "sindicância para avaliar estas situações". O governante falava numa conferência realizada na terça-feira, no Porto, e segundo o Jornal de Notícias (JN), "desconfia da quantidade de baixas por gravidez de risco".
Segundo o mesmo jornal, Manuel Delgado adiantou que o absentismo no SNS ronda os 12% a 14%, mas considerou que "as baixas médicas têm muitas vezes a ver com a insatisfação dos profissionais. "O SNS é o serviço público que tem mais ausências ao trabalho. É uma vergonha nacional e internacional", afirmou. "Precisamos de uma sindicância com o apoio da Ordem dos Médicos para avaliar estas situações que representam um ano e meio sem trabalhar", insistiu o governante. "Temos de combater e moralizar as ausências e os atestados médicos que não correspondem a reais necessidades de faltar. E isso passa por mais controlo, verificando a conformidade da falta com o atestado médico apresentado e vamos apertar essa malha", concluiu.
Números do Portal do SNS, publicados pelo JN nesta quarta-feira, indicam que de Janeiro a Outubro de 2017 foram registadas 2,97 milhões de dias de faltas no SNS, "sensivelmente o mesmo número de ausências registadas no período homólogo de 2016".
Em resposta às críticas do governante, o presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos afirmou desconhecer os números exactos, mas admitiu que "parecem surpreendentes". E depois de garantir que a Ordem "está sempre disponível para colaborar com o ministério", não deixou de sublinhar que muitas das ausências traduzem "o estado de exaustão dos profissionais, as más condições de trabalho e o descontentamento" que se vive no sector.
Quanto a isso, o secretário de Estado argumentou que o Governo está empenhado em melhorar as condições com "o aumento das remunerações, o pagamento mais compensador das horas de qualidade e extraordinárias e a aplicação dos descansos compensatórios".