Onde o Bloco de Esquerda viu uma “cambalhota triste” e um “erro” que marcou o “fecho do processo orçamental”, o PS viu a necessidade de “um debate mais amplo sobre eventuais consequências jurídicas”. Onde Mariana Mortágua viu um Governo que “não honrou a palavra dada”, Carlos César viu um executivo que não “está refém de qualquer partido, por mais persuasivo ou loquaz que um ou outro queira parecer”. Dois partidos, duas visões sobre um assunto caro ao Bloco de Esquerda: a taxa sobre as energias renováveis.

Esta terça-feira, na SIC Notícias, o líder parlamentar do PS explicou a mudança do sentido de voto do PS, em matéria de energia, assumindo que a segunda proposta apresentada pelo Bloco de Esquerda foi “reformulada e conversada com alguns membros do Governo” antes da votação de sexta-feira (que a aprovou). “Votámos favoravelmente a proposta para não prejudicar a sua aprovação, condicionando-a a uma nova votação”, disse Carlos César.

Na nova votação, levada a cabo na segunda-feira, a proposta chumbou, em resultado da mudança do sentido de voto do PS. “Achámos que seria precipitado adoptar esta contribuição sem que houvesse uma reflexão sobre a consequência e os impactos reputacionais e jurídicos”, justificou o socialista.

A confusão nas votações abriu uma ferida entre bloquistas e socialistas de implicações ainda desconhecidas.